SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL CLEITON COSTA
Engenho Velho, dezembro de 2015.
1. DADOS DE
IDENTIFICAÇÃO
Nome: Secretaria
Municipal de Educação e Cultura
Endereço: Rua
Antônio Trombeta, 35
Município: Engenho
Velho – RS
Telefone:
(54) 3363 – 9607 e (54) 3363 – 9600
Secretária:
Leonara Piran Frigeri
Coordenação Pedagógica: Leidinara B. Santin
Período de vigência do Plano de Ensino: 2015 a 2016
Duração do ano letivo: 200 dias
Carga horária anual: 800 horas
2. FILOSOFIA DA
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
Inserir a comunidade na vida da
escola e a escola na vida da comunidade, desenvolvendo processos participativos.
Construir juntos o Projeto
Político Pedagógico da Escola e desenvolvê-la de tal maneira que todos os
segmentos da Comunidade escolar se reconheçam e estejam verdadeiramente
comprometidos com ela.
Adequar a estrutura, o
funcionamento e a organização da escola ao seu Projeto Político Pedagógico e
aos princípios de descentralização e mobilização.
“Ser uma Escola de todos e para
todos.”
3. PRINCÍPIOS
NORTEADORES E VALORES
A principal função da escola é
formar cidadão com consciência de suas raízes históricas, capazes de afirmar a
sua identidade.
Proporcionar ao homem a
realização integral, abrindo caminhos à transformação social.
O homem como centro do
processo, um ser crítico, questionador, dialógicos e que busque constantemente
sua libertação pessoal e transformação da realidade em que vive.
Os valores do ser humano devem
ser trabalhados de forma que atinjam a plenitude em seu desenvolvimento e no
relacionamento na sociedade.
O homem, por ser criado a
imagem e semelhança de Deus, para ser feliz é que ele se ame e tenha confiança
em si próprio, para poder irradiar felicidade e confiança aos outros. A plena
felicidade é adquirida através do amor a Deus, da fé vivenciada e do pleno
conhecimento que o amor fraterno conduz à justiça e a solidariedade; transformando
a sociedade, de modo a fazê-la mais feliz, livre de preconceitos e
individualismos.
A família é a base da
sociedade. É nela que nascem os integrantes desta sociedade. Os valores morais,
culturais, sociais e educacionais são estruturados neste primeiro grupo social.
O homem constrói a sua história
a partir de sua vivência, da experiência e da busca de conhecimentos.
É coerente, honesto,
comprometido com a verdade e, por isso, tem consciência política e ideológica,
capaz de abrir mão de suas convicções, é aberto ao diálogo e às mudanças que
acontecem no contexto histórico- social.
Na sociedade ideal, os homens
se revelam cidadãos conscientes que lutam pela sua sociedade, em benefício do
amor à terra, da preocupação com a produção de alimentos naturais, da
preservação do solo e do meio ambiente, em busca de condições básicas de
sobrevivência.
O ser humano, dotado de
inteligência, torna-se capaz de conhecer e decidir sobre si mesmo e sobre o
mundo, através de seu conhecimento, descobre suas potencialidades científicas e
culturais. A partir desses conhecimentos, o homem estabelece conceitos e
princípios, alcança sua auto realização e luta para atingir seu crescimento
pessoal, cultural e profissional.
Mas é inegável que o momento
atual exige dos homens novos pensamentos e atitudes. Percebem-se em todos os
aspectos (profissional, familiar, religioso, social) as influências e as
consequências das mudanças e transformações ocorridas ao longo do processo de
formação da humanidade.
Acredita-se que a grande maioria
das pessoas aspira sempre uma vida melhor, mais harmonia, menos violência, mais
compreensão e amor entre os homens. Enfim, quantidade e qualidade de bem-estar
são desejos constantes a permear a vida de todos.
Na real formação do cidadão há
que se respaldar em princípios e valores que propicie a humanização, como a
solidariedade, a justiça, a cooperação, o saber e o prazer entre outros.
No desejo é que toda a
comunidade escolar (pais, funcionários, alunos, professores e equipe diretiva)
são nossos parceiros nesta busca. Educar para a cidadania e a cooperação
implicam em trabalhar num espaço onde valores estão em primeira ordem: o
respeito e a ética.
4. DADOS DE
IDENTIFICAÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Nome da
Instituição de Ensino: Escola
Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Cleiton Costa
Endereço: Rua André Martinelli, 13
Município: Engenho Velho - RS
Telefone: (54) 3363 – 9611
Responsáveis pela elaboração do Plano de Ensino:
Direção da Instituição de Ensino: Sandra O. Martinelli
Período de
vigência do Plano de Ensino:
2015 a 2016
Duração do ano
letivo: 200
dias
Carga horária
anual: 800
horas
5. FILOSOFIA DA
ESCOLA
A integração do aluno na
comunidade na qual faz parte, tornando-o um ser participativo, responsável,
pensante e autônomo em suas decisões.
5.1 Objetivos da Instituição de
Ensino
Promover situações
para que a Comunidade Escolar possa trocar conhecimentos e construir um
processo de ensino aprendizagem que lhes possibilite o acesso a informações e
atividades complementares e que lhes permita tornar estes cidadãos críticos,
politizados, capazes de exercer conscientemente sua cidadania, buscando através
de uma ação coletiva a garantia de uma vida mais digna e mais justa.
5.2 Objetivos do Ensino
Fundamental
O Ensino Fundamental, com
duração de nove anos, obrigatório e gratuito na escola pública, tem por
objetivo a formação básica do cidadão, mediante:
O desenvolvimento da capacidade
de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura e interpretação,
da escrita e produção textual e do cálculo.
A compreensão do ambiente
natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
em que se fundamenta a sociedade.
O desenvolvimento da capacidade
de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a
formação de atitudes e valores.
O fortalecimento dos vínculos
de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que
se assenta a vida social.
5.3 Objetivo Específico da
Série
Proporcionar
ao educando um ambiente favorável para que possa trabalhar e receber todas as
orientações possíveis para ampliar sua capacidade intelectual, pensamento
lógico, a solução de problemas, o hábito da leitura, da observação, da
pesquisa, da responsabilidade social, da preservação do meio ambiente e da sua
participação individual e coletiva na sociedade.
5.4 Grade Curricular
Disciplina
|
Anos
|
Carga
horária
|
|||
6º
ano
|
7º
ano
|
8º
ano
|
9º
ano
|
||
Língua Portuguesa
|
5
|
5
|
5
|
5
|
200
|
Arte
|
1
|
1
|
-
|
-
|
40
|
Educação Física
|
3
|
3
|
3
|
3
|
120
|
Matemática
|
5
|
5
|
5
|
5
|
200
|
Ciências
|
4
|
4
|
4
|
4
|
160
|
História
|
2
|
2
|
3
|
2
|
80/120
|
Geografia
|
2
|
2
|
2
|
3
|
80/120
|
Ensino Religioso
|
1
|
1
|
1
|
1
|
40
|
Língua Espanhola
|
1
|
1
|
1
|
1
|
40
|
Kaingang/ Língua Inglesa
|
1
|
1
|
1
|
1
|
40
|
5.5 Conteúdos
Programáticos
5.5.1. ÁREA DE LINGUAGENS
A área
de Linguagens trata dos conhecimentos relativos à atuação dos sujeitos em
práticas de linguagem, em variadas esferas da comunicação humana, das mais
cotidianas às mais formais e elaboradas. Esses conhecimentos possibilitam
mobilizar e ampliar recursos expressivos, para construir sentidos com o outro
em diferentes campos de atuação. Propiciam, ainda, compreender como o ser
humano se constitui como sujeito e como age no mundo social em interações
mediadas por palavras, imagens, sons, gestos e movimentos.
Na
Base Nacional Comum Curricular (BNC), a área de Linguagens reúne quatro
componentes curriculares: Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Arte e
Educação Física. Esses componentes articulam-se na medida em que envolvem
experiências de criação, de produção e de fruição de linguagens. Ler e produzir
uma crônica, assistir a um filme ou a uma apresentação de dança, jogar
capoeira, fazer uma escultura ou visitar uma exposição de arte são experiências
de linguagem. Concebida como forma de ação e interação no mundo e como processo
de construção de sentidos, a linguagem é, portanto, o elo integrador da área. A
utilização do termo linguagens, no plural, aponta para a abrangência do
aprendizado na área, que recobre não apenas a linguagem verbal, mas as linguagens
musical, visual e corporal. A integração dos quatro componentes em uma área
também busca romper com uma lógica de organização escolar que reforça certa
dissociação e hierarquia entre as linguagens, considerando que, na vida social,
os sentidos de textos, objetos e obras são construídos a partir da articulação
de vários recursos expressivos.
A
vida em sociedade requer que os sujeitos se apropriem dos sistemas de
representação e de repertórios historicamente construídos. Assim, cabe à área
de Linguagens uma importante tarefa da Educação Básica, que é transversal a
todos os componentes: garantir o domínio da escrita, que envolve a
alfabetização, entendida como compreensão do sistema de escrita
alfabético-ortográfico, e o domínio progressivo das convenções da escrita, para
ler e produzir textos em diferentes situações de comunicação. A tarefa do
letramento, que diz respeito à condição de participar das mais diversas
práticas sociais permeadas pela escrita, abrange a construção de saberes
múltiplos que permitam aos/às estudantes atuarem nas modernas sociedades
tecnológicas, cada vez mais complexas também em relação às suas formas de
comunicação. Essa atuação requer autonomia de leitura nos diversos campos e
suportes e preparo para produzir textos em diferentes modalidades e adequados
aos propósitos e às situações de comunicação em que os sujeitos se engajam.
As
práticas de compreensão e de produção de texto são constitutivas da experiência
de aprender e, portanto, presentes em todas as áreas. Por isso, cabe à área de
Linguagens assegurar o direito à formação de sujeitos leitores e produtores de
textos que transitem com confiança pelas formas de registro dos diversos
componentes curriculares, salvaguardando suas singularidades, e pelas práticas
de linguagem que se dão no espaço escolar, tais como: participar de um debate
sobre transgênicos, opinar criticamente sobre um documentário ou uma pintura,
interagir com hipertextos da Web, buscar soluções para um problema ambiental no
seu entorno, dentre outras e inúmeras possibilidades.
É
também importante tarefa da área a garantia do direito de experimentar, criar,
fruir e usufruir da vivência de diferentes manifestações artísticas, literárias
e corporais, possibilitando o encontro com nossa diversidade linguística e cultural
e ampliando a relação dos sujeitos com as culturas locais e universais. O
trabalho reflexivo com as diversas situações de leitura, produção, criação e
fruição busca promover a compreensão de que há diferentes percepções,
representações e entendimentos sobre a realidade, que incluem relações de
poder, valores, responsabilidades, interesses pessoais e institucionais
configurados pelas linguagens, possibilitando, assim, a reflexão sobre o que
estamos vivenciando para questionar, experimentar de outro modo, expressar,
escolher, negociar de maneira mais confiante.
A
participação em um mundo ampliado pelo acesso às tecnologias contemporâneas, as
características multiculturais do Brasil e os contatos crescentes com pessoas
de outras formações socioculturais e nacionalidades requer conhecimento de
diferentes idiomas. Cabe à área de Linguagens oferecer oportunidades de
vivências significativas com culturas e línguas adicionais e conhecimentos
necessários, para que os/as estudantes possam se envolver em interações com
textos em outra(s) língua(s) e, gradativamente, integrar-se em realidades
marcadas pelo plurilinguismo e pela diversidade.
Os
conhecimentos de cada componente curricular da área de Linguagens serão
abordados, a partir de sua relevância para a expressão e a interação entre
sujeitos. A teorização e a reflexão crítica em torno e a partir desses
conhecimentos são realizadas não como fim, mas como meio para uma compreensão
mais aprofundada dos modos de se expressar e de participar no mundo e estarão
presentes nas diferentes etapas da Educação Básica, com diferentes graus de
complexidade e elaboração, levando-se em conta cada contexto de atuação.
Os
critérios que definem a progressão do conhecimento da área de Linguagens nas
diferentes etapas da escolarização resultam, assim, da relação entre os textos
ou elementos pertinentes às linguagens da Arte e da Educação Física e as
características e contextos de atuação dos sujeitos da Educação Básica: de
esferas sociais mais familiares para as menos familiares; de temáticas mais
cotidianas para as mais raras; de gêneros mais corriqueiros aos menos
frequentes; de elementos mais simples aos mais complexos; da variação na
complexidade com que as experiências são vividas pelos sujeitos.
O
trabalho com cada um dos componentes curriculares que compõem a área deve,
portanto, possibilitar a compreensão do mundo em que vivemos com vistas a
acolher a pluralidade e a dinamicidade das práticas linguísticas, artísticas e
culturais. Determinadas problemáticas do mundo contemporâneo e alguns temas são
particularmente relevantes, para construir a relação dos conhecimentos, na área
de Linguagens, com a participação cidadã, tais como: identidades e
interculturalidades, modos e processos de subjetivação, tecnologias de
informação e comunicação, ciências, culturas e patrimônio, relações
étnico-raciais, ambiente e sustentabilidade, lazer e trabalho.
OBJETIVOS GERAIS DA ÁREA DE LINGUAGENS NA EDUCAÇÃO
BÁSICA
A
área de Linguagens visa a assegurar uma formação que possibilite ao/à
estudante:
·
interagir com práticas de linguagem em diferentes
modalidades, na perspectiva de sua recepção e produção, de modo a ampliar,
gradativamente, o repertório de gêneros e de recursos comunicativos e
expressivos;
·
reconhecer as condições de produção das práticas de
linguagens (quem, o quê, por quem, para quê, para quem, em que suporte, modo de
circulação), materializadas na oralidade, na escrita, nas linguagens artísticas
e na cultura corporal do movimento;
·
refletir sobre os usos das linguagens e os efeitos
de sentido de diferentes recursos expressivos, levando em conta as condições de
recepção e produção;
·
compreender a diversidade de manifestações
linguísticas, artísticas e de práticas corporais como construções sociais e
culturais, relacionando-as com ideologias e relações de poder;
·
interagir com o outro, usando expedientes
comunicativos e expressivos nas diversas práticas sociais de modo crítico,
autoral e criativo;
·
reconhecer a dimensão poética e estética como
constitutiva das linguagens, apreciando a cultura, a arte e a língua como
patrimônios.
A ÁREA DE LINGUAGENS NO ENSINO FUNDAMENTAL
O
trabalho com as crianças nos anos iniciais do Ensino Fundamental precisa levar
em conta o caráter histórico do desenvolvimento humano. Por isso, a
escolarização nesse período deve dar continuidade ao que se construiu na
Educação Infantil, considerando as culturas infantis tradicionais e
contemporâneas, as brincadeiras da tradição oral e as situações lúdicas de
aprendizagem. Nesse momento da escolarização, o desenvolvimento das linguagens
permite às crianças a vivência de situações e contextos para compreender e
reconstruir suas ações e expressá-las, descrevê-las, bem como planejá-las,
habilidades necessárias para novas aprendizagens.
Nos
anos iniciais, as crianças desenvolvem e consolidam o processo de percepção, de
entendimento e de representação, base importante para compreender a natureza do
sistema alfabético-ortográfico de escrita e de outros sistemas de registro,
como os signos matemáticos, os registros artísticos, cartográficos e
científicos, dentre outros. Tendo em vista que a criança já participa de
interações que envolvem os usos de escrita, oralidade, espaço, tempo, som,
silêncio, expressões e movimentos, nessa etapa, busca-se o desenvolvimento das
práticas de ler, escrever, falar, ouvir, movimentar-se e expressar-se
artisticamente em situações diferentes das familiares e em espaços formais de
interação. Por isso, o trabalho em sala de aula, na quadra ou no pátio e em
outros espaços que perfazem o ambiente escolar, se organiza em torno do uso e
do contato com elementos próprios para a idade e o contexto de formação,
trabalhando aqueles que a criança já conhece, mas também ampliando o repertório
com outros elementos que circulam nas esferas literária, artística, de práticas
corporais de movimento, científica e midiática.
Um
objetivo de aprendizagem que assume centralidade, nessa etapa inicial, é a
apropriação do sistema de escrita alfabética e da norma ortográfica, que
contempla o conhecimento das letras do alfabeto, a compreensão dos princípios
de funcionamento do sistema e o domínio das correspondências entre letras ou
grupos de letras e seu valor sonoro. Essa aprendizagem se dá de modo simultâneo
e articulado à aprendizagem da leitura e da produção de textos. Concomitantemente
ao processo de alfabetização, a literatura, as artes, as práticas corporais
compõem o conjunto de linguagens imprescindíveis para a formação estética,
sensível, ética, afetiva da criança.
Espera-se
que, ao final do terceiro ano do Ensino Fundamental, as aprendizagens
relacionadas à apropriação do sistema de escrita alfabética tenham sido
consolidadas, pois o êxito da trajetória acadêmica dos/as estudantes depende da
participação em situações de leitura e produção de textos, durante todo o percurso
escolar. A progressão do conhecimento no 4º e no 5º ano do Ensino Fundamental
se dá com a consolidação das aprendizagens anteriores, com a ampliação das
práticas de linguagem e da experiência estética e intercultural, considerando
os interesses e as expectativas dos/as estudantes, mas também o que ainda
precisam aprender.
Nos
anos finais do Ensino Fundamental, os/as estudantes se encontram diante de
mudanças significativas decorrentes da passagem da infância para a juventude,
de desafios escolares de maior complexidade (pensamento algébrico,
categorizações mais sofisticadas) e da participação em novos campos de atuação.
Isso requer uma leitura de mundo mais abrangente e o contato com gêneros
textuais acadêmicos, que circulam em esferas da vida social nas quais o jovem
começa a transitar. A contribuição da área para essa etapa requer novas
mediações e o aprofundamento em novos letramentos. É importante considerar as
culturas juvenis, bem como o contato com as expressões literárias, artísticas e
corporais mais complexas, ampliando o repertório de obras e autores conhecidos
e de vivências significativas com outras línguas e culturas.
A
progressão resulta também da reflexão crítica sobre os aspectos formais e sobre
as convenções da escrita, sobre os elementos canônicos e não canônicos das
linguagens artísticas, sobre a variedade de experiências de invenção e criação,
assim como sobre a complexidade das experiências corporais. O intuito é
favorecer uma maior fluência e compreensão na leitura, produção, criação e
fruição desses elementos e o gradativo domínio de atividades de planejamento,
revisão e produção, tendo em vista os contextos de circulação dos sujeitos da
Educação Básica.
No
contexto da unidocência, nas etapas iniciais da Educação Básica, cabe ao/à professor/a
promover a integralização e estabelecer as relações entre os conhecimentos
advindos das diferentes áreas e dos diferentes componentes curriculares,
realizando sínteses, apresentando, retomando, articulando conhecimentos e
contando com repertórios comuns construídos diariamente com o mesmo grupo. A
pluridocência, que caracteriza a segunda etapa do Ensino Fundamental, permite
uma maior especialização, mas coloca aos/às estudantes o desafio de
estabelecerem diálogos entre os diferentes componentes curriculares. A
fragmentação dos conhecimentos e uma hierarquização entre as linguagens,
associados a menor tempo de convivência dos/as professores/as com os/as
estudantes, requer maior articulação entre os/as docentes e entre as ações
interdisciplinares.
OBJETIVOS GERAIS DA ÁREA DE LINGUAGENS NO ENSINO
FUNDAMENTAL
A
área de Linguagens no Ensino Fundamental, tendo por base os conhecimentos
historicamente construídos de seus componentes curriculares, visa a uma
formação que possibilite ao/à estudante:
·
dominar, progressivamente, a fala, a leitura e a
escrita;
·
viver, refletir sobre a se apropriar dos elementos
constitutivos das diferentes linguagens artísticas;
·
vivenciar, refletir sobre, apropriar-se de, criar e
recriar as práticas corporais;
·
reconhecer e valorizar a pluralidade de
manifestações culturais (linguística, artística e corporal);
·
reconhecer e compreender o uso de outra(s)
língua(s), assim como valorizar a(s) diversa(s) cultura(s);
·
respeitar características individuais e sociais, as
diferenças de etnia, de classe social, de crenças, de gênero manifestadas por
meio das linguagens, assim como a valorização da pluralidade sociocultural
brasileira e de outros povos e nações;
·
propiciar àqueles/as que apresentem necessidades
diferenciadas de comunicação aos conteúdos, o acesso à utilização de linguagens
e códigos aplicáveis e de tecnologia assistiva;
·
aproximar-se das diversas tecnologias, permitindo
não apenas sua utilização como instrumentos de comunicação e informação, mas
também o entendimento crítico das relações entre sociedade e tecnologia e o
intercâmbio cultural.
COMPONENTE
CURRICULAR LÍNGUA PORTUGUESA (200 h/aula anuais)
A
educação escolar deve contribuir para que crianças, jovens e adultos possam
participar, com autonomia, responsabilidade, criticidade e criatividade, de
variadas práticas sociais. Cabe ao componente curricular Língua Portuguesa, em
articulação com os demais componentes curriculares da Educação Básica,
proporcionar aos/às estudantes experiências que ampliem possibilidades de ações
de linguagem que contribuam para seu desenvolvimento discursivo. Assim, ao
mesmo tempo em que se pretende que crianças, jovens e adultos aprendam a ler e
a escutar, construindo sentidos coerentes para textos de diferentes gêneros
orais, escritos e multimodais, a escrever e a falar, produzindo textos
adequados a situações de interação diversas, também se espera que possam se
apropriar, por meio da leitura, da escrita, da fala e da escuta, de
conhecimentos relevantes para a vida.
As
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica apontam a Língua
Portuguesa como componente transdisciplinar, ao afirmar que “o conhecimento
próprio da disciplina [...] está para além dela” (BRASIL, 2013, p. 28). Através
da linguagem – capacidade humana realizada sob a forma de signos verbais,
gestuais, imagéticos, dentre outros – os sujeitos se constituem, constroem
identidades, produzem conhecimento e agem de forma crítica no mundo.
Nesse
sentido, os objetivos de aprendizagem de Língua Portuguesa estão organizados em
cinco eixos, que dizem respeito a práticas e a conhecimentos de linguagem. São
eles: apropriação do sistema de escrita alfabético/ortográfico e de tecnologias
da escrita, oralidade, leitura, escrita e análise linguística, sendo este
último transversal aos demais. Esses eixos contribuem para desenvolver o
letramento em todas as áreas do conhecimento, pois é por meio de seu
aprendizado que o/a estudante poderá interagir em diferentes situações, lendo,
escrevendo, ouvindo e falando.
Nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, o eixo apropriação do sistema alfabético
de escrita assume centralidade. Esse eixo reúne objetivos relacionados à
apropriação do sistema de escrita alfabética e da norma ortográfica e contempla
o conhecimento das letras do alfabeto, a compreensão dos princípios de
funcionamento do sistema e o domínio das convenções que regulam a
correspondência entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro, de modo a
levar os/as estudantes a ler e a escrever palavras e textos. Os objetivos relacionados
a esse eixo são propostos em articulação com os objetivos relacionados aos
eixos da leitura, da produção de textos e de seus usos. Do ponto de vista da
progressão, espera-se que, ao final do terceiro ano do Ensino Fundamental, os
objetivos de aprendizagem relacionados à apropriação do sistema alfabético e
ortográfico tenham sido consolidados, pois não há garantia de autonomia em
leitura e escrita, sem que o/a estudante compreenda o funcionamento do sistema
de escrita, para poder utilizá-lo nas situações de leitura e de produção de
textos.
No eixo oralidade, quatro dimensões se
destacam: 1) produção e compreensão de gêneros orais, em articulação com textos
escritos, considerando-se aspectos relativos ao planejamento e à avaliação das
situações de interação; 2) relações entre fala e escrita, levando-se em conta o
modo como as duas modalidades se articulam nas práticas de linguagem, as
semelhanças e as diferenças entre modos de falar e de registrar o escrito e os
aspectos sociodiscursivos, composicionais e linguísticos; 3) oralização do
texto escrito, considerando-se as situações sociais em que tal tipo de
atividade acontece e os aspectos multimodais dos textos; 4) valorização dos
textos de tradição oral, levando-se em consideração a importância das reflexões
relativas aos sentidos e às práticas sociais em que tais textos surgem e se
perpetuam. A progressão dos conhecimentos relacionados a essas dimensões, ao
longo das etapas de escolarização, está organizada nos objetivos de
aprendizagem de Língua Portuguesa, segundo a familiaridade dos/as estudantes
com determinadas práticas, para a inclusão de outras menos familiares,
abordando-se, na etapa inicial da Educação Básica, desde situações mais
privadas de uso da oralidade até o desenvolvimento de modos de agir em
situações mais públicas: interações entre os colegas de turma ou com colegas de
outras turmas, apresentações para a comunidade escolar e interações em outras
esferas sociais.
Em
relação ao eixo leitura,
consideram-se as seguintes dimensões: 1) compreensão de textos lidos e
reflexões sobre as suas finalidades e os contextos em que foram produzidos
(autor, época, lugar, modos de circulação, dentre outros); 2) desenvolvimento
das habilidades e estratégias de leitura necessárias à compreensão dos textos
(antecipar sentidos, ativar conhecimentos prévios, localizar informações
explícitas, elaborar inferências, apreender sentidos globais do texto,
reconhecer tema, estabelecer relações de intertextualidade etc.); 3)
compreensão de textos, considerando-se os efeitos de sentido provocados pelo
uso de recursos linguísticos; 4) ampliação do vocabulário, a partir do contato
com textos e obras de referência, dentre outras possibilidades; 5)
reconhecimento de planos enunciativos e da polifonia, identificando-se as diferentes
vozes presentes nos textos; 6) reflexões relativas às temáticas tratadas nos
textos. A progressão dos conhecimentos relacionados ao eixo leitura é
estabelecida, considerando-se a participação dos/as estudantes em eventos de
leitura compartilhada, exercitando-se a compreensão por meio da escuta e da
experiência de leitura silenciosa, da leitura de textos integrais e autênticos
em todas as etapas da Educação Básica, bem como a compreensão da construção
tipológica dos gêneros (o narrar, o argumentar, o expor, o instruir, o
relatar). Considera-se, ainda, o grau de complexidade dos textos, que requer
estratégias de leitura diferenciadas.
Durante
toda a Educação Básica, deve-se favorecer a formação literária, de modo a
garantir a continuidade do letramento literário, iniciado na Educação Infantil.
Esse tipo de letramento é entendido como o processo de apropriação da
literatura como linguagem que oferece uma experiência estética, bem como a
ampliação gradativa das referências culturais compartilhadas nas comunidades de
leitores que se constituem na escola. É importante ressaltar que o processo de
letramento que se faz por meio de textos literários compreende uma dimensão
diferenciada do uso social da escrita, sendo necessário um trabalho especial
para assegurar seu efetivo domínio. Pela literatura, constituem-se
subjetividades, expressam-se sentimentos, desejos, emoções de um modo
particular, com uso diversificado de recursos expressivos e estéticos. Nesse
processo, a formação de leitores literários envolve reflexão sobre a linguagem,
o que implica o reconhecimento de procedimentos de elaboração textual e certa
consciência das escolhas estéticas envolvidas na construção dos textos.
Com
relação ao eixo escrita, os
objetivos de aprendizagem de Língua Portuguesa envolvem: 1) reflexões sobre as
situações sociais em que se escrevem textos, para o desenvolvimento da
valorização da escrita e a ampliação de conhecimentos sobre as práticas de
linguagem nas quais a escrita está presente; 2) desenvolvimento de estratégias
de planejamento, reescrita, revisão e avaliação dos textos, considerando-se a
sua adequação às variedades linguísticas; 3) reflexões sobre os gêneros
textuais adotados nas situações de escrita, considerando-se os aspectos
sociodiscursivos, temáticos, composicionais e estilísticos; 4) reflexões sobre
os recursos linguísticos empregados nos textos, considerando-se as convenções
da escrita e as estratégias discursivas planejadas em função das finalidades
pretendidas.
A
progressão dos conhecimentos relacionados a esse eixo, ao longo da Educação
Básica, envolve, desde a possibilidade de as crianças ditarem textos aos
adultos, quando ainda não sabem escrevê-los autonomamente, até a escrita de
textos autorais. Para definir essa progressão, foram adotados os seguintes
critérios: a adequação dos gêneros e seus construtos tipológicos às faixas
etárias; as possibilidades de realização de práticas de escrita nos diferentes
campos de atuação nos quais estão organizados os objetivos de Língua
Portuguesa; a possibilidade de articulação entre leitura, produção de textos e
oralidade, por meio de recontos, escrita e reescrita de textos e da produção de
textos escritos a partir do contato, da análise e da reflexão sobre o gênero
pretendido; as exigências relativas aos aspectos normativos, para que,
progressivamente, os aprendizes se apropriem das convenções da Língua
Portuguesa.
O eixo análise linguística perpassa todos
os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No
ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema
alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão
sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e
oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos
textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações
formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão
acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos,
sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de
estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade
e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição
tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos
enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se
a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a
situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da
variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como
possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes
para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos
pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a
valorização das diferentes identidades sociais.
A
abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas,
sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância,
regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da
compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário.
Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura,
escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação
a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de
origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do
nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na
perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol
de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Consonante
a uma concepção de língua como forma de interação entre os sujeitos, a
organização dos objetivos de aprendizagem do componente Língua Portuguesa
considera, além das práticas de linguagem, os campos de atuação nos quais elas
se realizam. A proposição de campos de atuação aponta para a importância da
contextualização do conhecimento escolar. São seis os campos de atuação, a
partir dos quais os objetivos de aprendizagem de Língua Portuguesa são
apresentados:
·
práticas da vida cotidiana – campo de atuação que
diz respeito à participação em situações de leitura/escuta, produção
oral/escrita, próprias de atividades do dia a dia, no espaço
doméstico/familiar, escolar, cultural, profissional que crianças, jovens e
adultos vivenciam;
·
práticas artístico-literárias – campo de atuação
que diz respeito à participação em situações de leitura/escuta, produção
oral/escrita, na criação e fruição de produções literárias, representativas da
diversidade cultural e linguística, que favoreçam experiências estéticas;
·
práticas político-cidadãs – campo de atuação que
diz respeito à participação em situações de leitura/escuta, produção
oral/escrita, especialmente de textos das esferas jornalística, publicitária,
política, jurídica e reivindicatória, contemplando temas que impactam a
cidadania e o exercício de direitos;
·
práticas investigativas – campo de atuação que diz
respeito à participação em situações de leitura/escuta, produção oral/escrita
de textos que possibilitem conhecer os gêneros expositivos e argumentativos, a
linguagem e as práticas relacionadas ao estudo, à pesquisa e à divulgação
científica, favorecendo a aprendizagem dentro e fora da escola;
·
práticas culturais das tecnologias de informação e
comunicação – campo de atuação que diz respeito à participação em situações de
leitura/escuta, produção oral/escrita de textos que possibilitem a comunicação
a distância e a compreensão de características e modos de produzir, divulgar e
conservar informação, experimentar e criar novas linguagens e formas de
interação social;
·
práticas do mundo do trabalho – campo de atuação
que diz respeito à participação em situações de leitura/escuta, produção
oral/escrita de textos que possibilitem conhecer os gêneros, a linguagem e as
práticas relacionadas ao mundo do trabalho, bem como discutir temáticas
relativas ao trabalho na contemporaneidade.
Os
campos de atuação orientam a seleção dos gêneros textuais a serem
preferencialmente trabalhados, sugerem atividades que tornem mais
significativas as práticas de linguagem – como a organização de debates na
escola, a elaboração de jornais impressos e digitais que propiciem a circulação
e as informações de ideias – e podem também indicar temas a serem abordados em
projetos interdisciplinares.
No
Ensino Fundamental, os objetivos de aprendizagem organizam-se a partir dos
cinco primeiros campos de atuação, considerando as especificidades dos sujeitos
de cada etapa da escolarização e os conhecimentos de que já dispõem. O último
campo – práticas do mundo do trabalho – é abordado apenas no Ensino Médio.
Nos
anos iniciais do Ensino Fundamental, é dada maior ênfase ao trabalho com textos
do cotidiano e da esfera literária, aos conhecimentos de oralidade, leitura e
escrita necessários para participar de situações públicas, envolvendo a vida
escolar, a investigação e as ações de linguagem necessárias ao exercício da
cidadania.
As
novas tecnologias de informação e comunicação vêm incorporadas a diferentes
campos de atuação, abarcando múltiplos usos que delas fazem os jovens, reconhecendo-se
a necessidade de atenção especial a esse campo como fator de inclusão no mundo
digital.
No
Ensino Médio, os objetivos se organizam considerando os cinco últimos campos de
atuação. Essa etapa da Educação Básica volta-se à formação de jovens e adultos
e, conforme apontam as diretrizes curriculares do Ensino Médio (DCNEM, 2012,
p.69), bem como a LDB, deve enfatizar, especialmente, a formação para a
cidadania, para o trabalho, para a pesquisa e a continuação dos estudos.
OBJETIVOS GERAIS DO COMPONENTE CURRICULAR LÍNGUA
PORTUGUESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
Planejar
e realizar intervenções orais em situações públicas e analisar práticas
utilizando diferentes gêneros orais (conversa, discussão, debate, entrevista,
debate regrado, exposição oral), assim como desenvolver escuta atenta e crítica
em situações variadas.
Planejar,
produzir, reescrever, revisar, editar e avaliar textos variados, considerando o
contexto de produção e circulação (finalidades, gêneros, destinatários, espaços
de circulação, suportes) e os aspectos discursivos, composicionais e
linguísticos.
Desenvolver
estratégias e habilidades de leitura – antecipar sentidos e ativar
conhecimentos prévios relativos aos textos, elaborar inferências, localizar
informações, estabelecer relações de intertextualidade e interdiscursividade,
apreender sentidos gerais do texto, identificar assuntos / temas tratados nos
textos, estabelecer relações lógicas entre partes do texto – que permitam ler,
com compreensão, textos de gêneros variados, sobretudo gêneros literários.
Valorizar
diferentes identidades sociais, lendo e apreciando a literatura das culturas
tradicional, popular, afro-brasileira, africana, indígena e de outros povos e
culturas.
Refletir
sobre a variação linguística, reconhecendo relações de poder na sociedade,
combatendo as formas de dominação e preconceito que se fazem na e pela
linguagem, sobre as relações entre fala e escrita em diferentes gêneros, assim
como reconhecer e utilizar estratégias de marcação do nível de formalidade dos
textos em suas produções.
Utilizar
e analisar diferentes estratégias de coesão e articulação entre partes do
texto, tais como os recursos de retomadas (pronominalização, substituição
lexical, uso de palavras de ligação) e as palavras e expressões que marcam a
progressão do tempo na narrativa, as que estabelecem as relações de
causalidade, oposição, consequência, explicação entre acontecimentos e ideias.
Ler,
produzir e analisar textos multimodais, estabelecendo relações entre escrita,
fala, sons, música, imagens (fotografias, telas, ilustrações, imagens em
movimento, grafismos), dentre outras linguagens.
Práticas da Vida
Cotidiana
Diz respeito à participação em
situações de leitura/escuta, produção oral/escrita, próprias de atividades do
dia a dia, no espaço doméstico/familiar, escolar, cultural, profissional que
crianças, jovens e adultos vivenciam.
Relatar oralmente o conteúdo de
notícias veiculadas em jornais, revistas, televisão, rádio, Internet,
exercitando a capacidade de selecionar e resumir.
Compreender e produzir textos
publicitários diversos, considerando o gênero (anúncio, classificado etc.) e o
suporte (jornal, revista, TV, panfleto, outdoor, folder etc.).
Práticas
Artístico-Literárias
Diz respeito à participação em
situações de leitura/escuta, produção oral/escrita de textos que possibilitem
conhecer produções culturais e literárias, valorizar nossa diversidade cultural
e linguística, vivenciar experiências estéticas e de fruição literária.
Relatar oralmente o enredo de
obras literárias menos extensas, como contos, lendas, fábulas, mitos,
reconstituindo coerentemente a sequência narrativa.
Identificar os elementos que
compõem as narrativas literárias, tais como tempo, espaço, construção dos
personagens, foco narrativo, na leitura de textos da literatura juvenil,
africana e indígenas.
Produzir textos narrativos
coesos e coerentes, observando a sequência das ações, a construção de
personagens e utilizando recursos verbais e/ou multimodais.
Criar e recitar poemas de
formas composicionais variadas, percebendo efeitos de sentido produzidos por
recursos semânticos e sonoros.
Compreender, lendo
silenciosamente e de modo oralizado, poemas de formas composicionais variadas,
apreendendo efeitos de sentido produzidos por recursos semânticos, sonoros e
visuais.
Identificar e analisar diálogos
que os textos literários narrativos e poéticos estabelecem com outros textos,
sobretudo no nível temático.
Produzir poemas de gêneros
variados, como haicais, sonetos, quadras, cordel, explorando a sonoridade e os
efeitos de sentido gerados.
Práticas
Político-Cidadãs
Diz respeito à participação em
situações de leitura/escuta, produção oral/escrita de textos, considerando
especialmente aqueles das esferas jornalística e publicitária, política,
jurídica e reivindicatória e temas que impactam a cidadania e o exercício de
direitos.
Identificar as informações que
constituem o lide na leitura de notícias e reportagens impressas, televisivas,
digitais (o quê, quem, onde, quando, como, por quê).
Planejar a fala, em interações
que exigem defesa de pontos de vista, mobilizando a capacidade de construir
argumentos em situações que demandam atitude responsiva.
Identificar as ideias
defendidas ou refutadas por interlocutores em gêneros diversos orais e escritos
como carta de leitor, postagens e comentários que circulam em redes sociais
etc.
Responder, por escrito, a
perguntas ou enquetes que exijam um posicionamento crítico, mobilizando
argumentos consistentes e utilizando uma variedade linguística adequada à
situação de comunicação.
Compreender textos que regulam
direitos e deveres, como o regimento da escola e combinados de sala de aula,
avaliando a sua pertinência e funcionalidade.
Diz respeito à participação em
situações de leitura/escuta, produção oral/escrita de textos que possibilitem conhecer
os gêneros, a linguagem e as práticas relacionadas ao estudo e à pesquisa que
favoreçam a aprendizagem dentro e fora da escola.
Planejar e apresentar
exposições orais sobre temáticas diversas, a partir de fontes de estudos
fornecidas pelo professor, adequando a linguagem (escolhas lexicais e
estruturais) à situação de produção escolar.
Selecionar informações em
textos diversos nas atividades de pesquisa, identificando temas e ideias
principais e apresentando essa compreensão sob a forma de apontamentos.
Analisar e elaborar listas e
tabelas, para compreender e organizar informações de textos expositivos em
atividades de estudo e de pesquisa.
Elaborar enquetes sobre temas
relativos às diversas áreas do conhecimento e divulgar os resultados sob a
forma de listas e tabelas.
Práticas
Culturais das Tecnologias de Informação e Comunicação
Diz respeito à participação em
situações de leitura/escuta, produção oral/escrita de textos que possibilitem
interagir em contextos de comunicação a distância e de compreender as
características e os modos de produzir, divulgar e conservar informação,
experimentando e criando linguagens e formas de interação em uma sociedade cada
vez mais midiática.
Mobilizar recursos multimodais
na recepção e na produção de textos em diferentes mídias (jornal falado,
programa radiofônico, blog etc.).
COMPONENTE
CURRICULAR LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA (80 h/aula anuais)
O
componente curricular Língua Estrangeira Moderna deve garantir aos/às
estudantes o direito à aprendizagem de conhecimentos para o uso. Assim, não se
trata de compreender um conjunto de conceitos teóricos e categorias
linguísticas, para aplicação posterior, mas, sim, de aprender, pelo uso e para
o uso, práticas linguísticas que se adicionem a outras que o/a estudante já
possua em seu repertório (em Língua Portuguesa, línguas indígenas, línguas de
herança, línguas de sinais e outras).
O
compromisso do componente consiste em oferecer aos/às estudantes condições e
conhecimentos necessários para vivenciarem situações que envolvam textos na(s)
língua(s) em estudo relevantes às suas vidas e à interação com pessoas de
outras formações socioculturais e nacionalidades, tendo em vista a participação
em um mundo ampliado pelos diversos fluxos e tecnologias contemporâneos. A atuação
em espaços (presenciais e virtuais) que acontecem nessa(s) língua(s) cria
oportunidades para que o/a estudante possa perceber-se parte integrante e ativa
de um mundo plurilíngue, em que realidades se constroem pelo uso de múltiplas
linguagens e por fronteiras difusas, considerando o acesso ampliado, pelos
meios digitais, a cenários que se dão em várias línguas.
Esse
desenho de espaços compartilhados redimensiona as relações entre identidade,
língua e cultura, ora tornando-as relevantes para marcar diferenças, ora
universalizando o que antes era visto como local. Busca-se criar oportunidades
para que os/as estudantes se encontrem com novas formas de expressão, com
visões de mundo distintas das suas, podendo, assim, redimensionar e
reconfigurar seu próprio mundo na interlocução com o mundo que se faz nessa(s)
outra(s) língua(s). Nesse movimento de lidar com outros modos de dizer, de
significar e de fazer, o/a estudante pode refletir sobre o que é compartilhado
e o que é singular, ampliando, dessa maneira, o seu próprio espaço de atuação.
Também é no encontro com a diversidade que ele/a pode aprender a lidar com o
novo e o diferente, uma capacidade valorizada no mundo contemporâneo, nas
relações de convivência pessoal e de trabalho colaborativo.
Para
ocupar o seu lugar, junto aos demais componentes curriculares, na formação para
a cidadania, o componente terá de enfrentar alguns desafios. O primeiro deles é
a superação de uma visão tecnicista de língua, limitada a explicações
gramaticais ou a repetição de frases descontextualizadas, para priorizar uma
perspectiva discursiva, que coloca a ênfase na produção de sentidos por parte
dos/as estudantes, independentemente de seu nível de conhecimento da língua em
dado momento. Essa perspectiva implica também uma expansão do trabalho com
compreensão e produção oral, leitura e produção de textos, de modo a propiciar
vivências com gêneros discursivos orais, escritos, visuais, híbridos,
relevantes para a atuação do/a estudante em espaços plurilíngues.
Há,
ainda, desafios ligados às condições de trabalho, bastante heterogêneas nas
escolas do país, que oferecem carga horária distinta, turmas que reúnem
estudantes com níveis de conhecimento diferentes e que podem ser bastante
numerosas. Partindo da perspectiva de engajamento discursivo, a heterogeneidade
é positiva, podendo potencializar situações de troca de conhecimentos e
aprendizagens necessárias para a produção de sentidos e a participação ativa em
eventos que ocorrem em outras línguas. A análise das especificidades de cada situação
de ensino e a definição de atividades que possibilitem o envolvimento dos/as
estudantes em práticas de linguagem significativas e relevantes podem ser o
ponto de partida para superar os desafios. A articulação da Língua Estrangeira
com os outros componentes, na medida em que todos buscam aportar conhecimentos
para a participação confiante dos/as estudantes na sociedade, pode tornar mais
clara a necessidade e a motivação para aprenderem e usarem a(s) outra(s)
língua(s) nos diferentes espaços em que atuam ou desejam atuar.
Entende-se,
ainda, como desafio, a articulação entre línguas estrangeiras, tendo-se em
vista a pluralidade das ofertas possíveis, não se restringindo apenas ao Inglês
e ao Espanhol. Para tanto, é importante que cada comunidade escolar possa, a
partir de discussão informada e subsidiada pelas secretarias de educação
locais, escolher as línguas estrangeiras a serem ministradas, levando em conta
as realidades locais específicas, a exemplo dos contatos com outras línguas em
regiões de fronteira, em comunidades étnicas de imigração, em comunidades
indígenas, entre outras. A pluralidade linguística, contudo, não deve
prejudicar a possibilidade de avanço do conhecimento em uma das línguas. É
preciso que a comunidade escolar busque modos de oferecer a continuidade dos
estudos da língua escolhida pelos/as estudantes, ano após ano e em cada etapa
da Educação Básica. Nesse sentido, há que se considerarem os diferentes níveis
de conhecimento em língua estrangeira desejáveis para a atuação em diversos
cenários, possibilitando diferentes pontos de partida, durante o percurso
escolar, e oportunidades significativas, para vivenciar o uso da língua em
gêneros discursivos relevantes e pertinentes para cada contexto de atuação.
Na
sua dimensão educativa, o componente Língua Estrangeira Moderna contribui para
a valorização da pluralidade sociocultural e linguística brasileira, de modo a
estimular o respeito às diferenças culturais, sociais, de crenças, de gênero e
de etnia. Lidar com textos (orais, escritos, espaço-visuais e híbridos) em
línguas ainda pouco conhecidas coloca o/a estudante frente à diversidade. É no
encontro com textos em outras línguas que ele/a pode ampliar e aprofundar o
acesso a conhecimentos de outras áreas e conhecer outras possibilidades de
inserção social.
Para
tanto, no Ensino Fundamental, busca-se promover a vivência com outras formas de
organizar, dizer e valorizar o mundo, visando ao rompimento de estereótipos.
Ainda nessa etapa, valorizam-se a criatividade, o lúdico e os afetos na
construção do conhecimento, bem como o entendimento de diferentes línguas não
apenas como meio para buscar informações, mas, sobretudo, como desencadeadoras
de sentimentos, valores e possibilidades de se relacionar com o outro, resultando,
ainda, em autoconhecimento.
No
Ensino Médio, enfatiza-se a compreensão de que as línguas nos constituem como
sujeitos e que expressam valores que são construídos nas práticas sociais.
Nessa etapa, amplia-se a vivência com a(s) língua(s) em estudo nas diferentes
práticas sociais e aprofunda-se a reflexão sobre as relações entre língua,
cultura, política e sociedade. Cabe, ainda, a reflexão crítica e criativa sobre
a participação em ações em que o sujeito está inserido ou deseja inserir-se e
os modos como essa inserção pode ser concretizada em diferentes línguas e
variedades linguísticas.
OBJETIVOS GERAIS DO COMPONENTE CURRICULAR LINGUA
ESTRANGEIRA MODERNA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
De
acordo com uma visão de língua e de conhecimento como constituídos no uso e na
interação entre os sujeitos, o componente Língua Estrangeira Moderna organiza
os objetivos de aprendizagem, partindo de seis campos de atuação humana, que
delineiam possíveis horizontes para a realização das práticas de linguagem. É
importante ter em vista que esses campos estão inter-relacionados e que não
excluem outros possíveis. Com a finalidade de indicar prioridades na abordagem
de temas, pautar a escolha de textos e atividades e direcionar o
desenvolvimento de projetos interdisciplinares, os campos de atuação são os
seguintes:
·
práticas da vida cotidiana, que se referem à
participação dos/as estudantes em atividades do dia a dia nos variados espaços
em que atuam. São priorizadas situações de leitura/escuta, produção
oral/escrita em língua estrangeira que dizem respeito à reflexão sobre si, sua
relação com o outro e com o entorno, mudanças e desafios pessoais;
·
práticas interculturais, que se referem à
participação dos/as estudantes em espaços de diversidade linguística, social e
cultural. São priorizadas situações de leitura/escuta, produção oral/escrita em
língua estrangeira que dizem respeito à reflexão sobre valores, modos de vida e
vivências sociais e estéticas e, com a finalidade de, a partir da possibilidade
de conhecer e compreender outras visões de mundo, estimular que esses sujeitos
se constituam como mediadores interculturais, contribuindo para a construção do
diálogo e da resolução de conflitos na perspectiva dos participantes;
·
práticas político-cidadãs, que se referem à
participação dos/as estudantes na construção e no exercício da cidadania. São
priorizadas situações de leitura/escuta, produção oral/escrita em língua
estrangeira que dizem respeito a regras de convivência em espaços de
diversidade, a direitos e deveres do cidadão e a questões sociais e políticas
que tenham impacto na vida dos sujeitos nas comunidades em que atuam;
·
práticas investigativas, que se referem à
participação dos/as estudantes em atividades relacionadas à valoração, à
construção e à divulgação de saberes e conhecimentos. São priorizadas situações
de leitura/escuta, produção oral/escrita em língua estrangeira que tratam de
relações que os sujeitos estabelecem com o uso e a aprendizagem de línguas e
com modos de usar a linguagem para identificar, definir, compreender e resolver
problemas em diferentes áreas do conhecimento;
·
práticas mediadas pelas tecnologias de informação e
comunicação, que se referem à participação dos/as estudantes em atividades que
demandam experimentar e criar novas linguagens e modos de interação social com
o uso das tecnologias contemporâneas. São priorizadas situações de
leitura/escuta, produção oral/escrita em língua estrangeira que tratam de
relações que os sujeitos estabelecem com o uso de recursos tecnológicos na sua
vida para buscar, produzir, compartilhar, divulgar e conservar conhecimentos e
participar de comunidades de interesse de modo ético e responsável;
·
práticas do trabalho, que se referem à participação
dos/as estudantes em atividades relacionadas a diferentes dimensões e formas de
trabalho. São priorizadas situações de leitura/escuta, produção oral/escrita em
língua estrangeira que tratam de características e modos de organização do
trabalho, formação e atuação profissional, direitos, deveres e possibilidades
de trabalho na contemporaneidade.
Os
objetivos de aprendizagem estão organizados, a partir de campos de atuação e de
perguntas norteadoras que sugerem temáticas amplas, que deverão ser adaptadas a
cada grupo de estudantes, tornando-as específicas aos seus contextos para que se
tornem significativas para eles. Parte-se de uma perspectiva de ciclos de dois
anos no Ensino Fundamental e de três anos no Ensino Médio, entendendo-se que,
em cada um desses ciclos, os/as estudantes terão vivências com textos orais e
escritos nos seis campos de atuação. Desse modo, espera-se que, a cada dois
anos, os campos de atuação sejam retomados por meio de leitura/escuta, produção
oral/escrita de textos relevantes para aquela etapa, possibilitando que os/as
estudantes revejam e deem novos contornos e aprofundamentos às temáticas e que
atuem com confiança em diferentes interações mediadas pela língua em estudo.
Para isso, a abordagem dos recursos linguístico-discursivos deve vir a serviço
da compreensão e da produção de textos e priorizar o que for relevante para a
participação nas práticas sociais focalizadas, levando-se em conta os
interlocutores e os propósitos em cada situação. Cabe ao/à professor/a, tendo
conhecimento dos repertórios, das atuações e dos projetos pedagógicos em pauta,
a articulação entre os seis campos de atuação, a seleção dos recursos
linguístico-discursivos a serem estudados e a adaptação dos objetivos e dos
procedimentos didáticos a cada grupo de estudantes.
Durante
todo o percurso escolar, os objetivos de aprendizagem envolvem interações
significativas com textos na(s) língua(s) estrangeira(s) e o desenvolvimento da
compreensão e da produção oral, da leitura e da produção escrita. Essas
vivências em língua estrangeira exigirão diferentes abordagens e graus de
complexidade nas distintas etapas de escolarização, de acordo com os
conhecimentos prévios dos/as estudantes e as especificidades e demandas de seu
contexto sociocultural, com vistas a propiciar oportunidades para:
·
compreender e produzir textos orais e escritos na
língua estrangeira, entendendo que a interação com o texto é uma prática
social, isto é, na escuta, na fala, na leitura e na escrita, os participantes
levam em conta as condições de produção do texto (quem fala/escreve, para quem,
com quais propósitos, em que espaço e tempo), reconhecem as vozes presentes no
texto e se posicionam frente a elas de modo crítico e criativo;
·
fruir textos na língua estrangeira, entrando em
contato com diversos gêneros orais, escritos e híbridos, inclusive textos da
tradição oral e da literatura universal, canções, jogos e brincadeiras,
compreendendo o texto como manifestação cultural e como expressão e construção
de autoria e identidade;
·
resolver desafios de compreensão e produção de
textos orais e escritos, entendendo que a aprendizagem de uma língua adicional
envolve: trabalhar colaborativamente; valer-se de estratégias para compreender
textos (antecipar sentidos, ativar conhecimentos prévios, localizar informações
explícitas, elaborar inferências, apreender sentidos globais do texto, estabelecer
relações de intertextualidade, dentre outras); produzir textos (planejar a
produção oral e a escrita, selecionar informações e recursos linguísticos
apropriados para a interlocução e o propósito do texto, revisar e reescrever o
texto); avaliar e editar textos (próprios e de outros autores), considerando as
situações sociais em que são produzidos; lançar mão de recursos tais como
dicionários, tradutores online e gramáticas;
·
compreender e refletir sobre características de
gêneros orais e escritos na língua estrangeira, relacionando-os aos campos de
atuação onde ocorrem e analisando os efeitos de sentido dos elementos verbais,
não verbais e multimodais que compõem os textos, considerando suas condições de
produção e recepção;
·
apropriar-se de recursos linguístico-discursivos
para compreender e produzir textos orais e escritos na língua adicional,
articulando a relação entre elementos verbais, não verbais e mulltimodais na
construção de sentidos, tendo em vista a interlocução e o propósito do texto;
·
compreender e valorizar o plurilinguismo e a
variação linguística, entendendo a relação entre linguagem, identidade e
pertencimento, compreendendo e valorizando a diversidade linguística;
·
refletir sobre a própria aprendizagem,
sistematizando os conhecimentos aprendidos e relacionando-os com outros saberes
e conhecimentos em outras línguas e outras áreas de conhecimento.
Práticas da Vida
Cotidiana
Quem sou e com quem eu convivo?
Com que ideias eu me
identifico?
Como é o mundo em que eu vivo?
Participar de interações orais
em língua estrangeira sobre atividades do dia a dia em aula, tais como
saudações, cumprimentos, despedidas, rotinas, solicitação de esclarecimento,
pedidos, dentre outras.
Participar de interações orais
em língua estrangeira sobre questões de identidade, apropriando-se de recursos
linguístico-discursivos para descrever a si e aos outros, suas relações
familiares e de amigos.
Participar de interações orais
em língua estrangeira sobre convivência na família e na comunidade, grupos de
pertencimento e ideias com que se identifica, apropriando-se de recursos
linguístico-discursivos para expressar gostos, preferências, atividades
cotidianas e ações no presente.
Participar de interações orais
em língua estrangeira sobre o lugar onde se vive, apropriando-se de recursos
linguístico-discursivos para se referir-se a espaços onde se circula,
descrevendo-os.
Ler e escrever em língua
estrangeira notas (auto)biográficas e perfis, identificando e expressando
informações pessoais e relacionando as descrições com modos de constituir as
identidades.
Ler e escrever em língua
estrangeira textos que organizam o cotidiano (agendas, calendários, convites,
receitas, regras de brincadeiras ou jogos), apropriando-se de recursos
linguístico-discursivos para expressar convites e instruções dirigidos a
diferentes interlocutores.
Ler e escrever em língua
estrangeira textos que apresentam aspectos geográficos, históricos e culturais
(panfletos turísticos, mapas, dentre outros), apropriando-se de recursos
linguístico-discursivos para descrever diferentes localidades e eventos no
presente e no passado.
Práticas
Investigativas
Que línguas nós falamos?
Que línguas circulam no lugar
onde eu vivo?
O que eu conheço dessas
línguas?
Verificar e reconhecer a
presença de marcas de diferentes línguas na comunidade em que se vive,
identificando e registrando palavras e expressões de outras línguas nas
interações orais e em textos escritos (nomes e sobrenomes, placas de ruas,
praças, estabelecimentos comerciais, ritmos musicais, culinária, moda,
esportes, publicidade etc.).
Reconhecer a existência de
várias línguas no mundo, identificando-as a partir da escuta e da leitura de
textos variados (canções, depoimentos, memes, filmes etc.).
Reconhecer a ocorrência de
diferentes sotaques do português e de outras línguas na fala de pessoas da
comunidade de diferentes origens, idades etc., conscientizando-se das relações
entre variedades linguísticas, identidades e pertencimento.
Participar de interações, por
meio de perguntas e respostas em língua estrangeira, que permitam identificar
usos e sentidos das palavras e expressões registradas.
Organizar (em listas, quadros,
tabelas, pôsteres, legendas em figuras e fotos) palavras e expressões em outras
línguas usadas em textos orais e escritos, relacionando-as aos seus
significados e aos campos de atuação em que ocorrem.
Práticas Mediadas
Pelas Tecnologias de Informação e Comunicação
Que recursos tecnológicos eu
conheço?
Quais eu uso e em que línguas?
Eu posso aprender línguas pela
Internet?
Apropriar-se de elementos das
linguagens das tecnologias de informação e comunicação em língua estrangeira
para fazer uso de ferramentas como dicionários, tradutores, GPS, mapas
virtuais, tutoriais, jogos e sites, identificando novas possibilidades de
aprendizagem e usando-as para a prática de vocabulário, pronúncia etc.
Expressar-se oralmente ou por
escrito na língua estrangeira para acessar e usar os diferentes recursos das
tecnologias de informação e comunicação, tais como falar ou escrever uma
palavra para ser traduzida, escrever um endereço para localizá-lo no mapa etc.
COMPONENTE
CURRICULAR ARTE (40 h/aula anuais)
O
componente curricular Arte engloba quatro diferentes subcomponentes: artes
visuais, dança, teatro e música, bem como de suas práticas integradas (como,
por exemplo, a performance, a instalação, a videoarte, o circo, a videodança, a
ópera etc.). Cada subcomponente tem seu próprio contexto, objeto e estatuto,
constituindo-se em um campo que, ao mesmo tempo que compõe
transdisciplinarmente a área da Arte, tem uma singularidade que exige
abordagens específicas e especializadas. Sua presença, como conteúdo
obrigatório nas diferentes etapas da Educação Básica, está assegurada pelo
disposto na Lei 11.769/2008 (música) e no Projeto de Lei 7032/2010 (demais subcomponentes),
que alteram a redação dos parágrafos 2º e 6º do Artigo 26 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional.
A
Arte articula diferentes formas de cognição: saberes do corpo, da
sensibilidade, da intuição, da emoção etc., constituindo um universo conceitual
e de práticas singulares, que contribuem para que o estudante possa lidar com a
complexidade do mundo, por meio do pensamento artístico. Na Educação Básica, a
Arte se caracteriza por trabalhar com o processo criativo em seus diferentes subcomponentes,
englobando o fazer, o fruir e a reflexão sobre o fazer e o fruir. O componente
se configura como um campo no qual o sujeito tem a possibilidade de ter
experiências que se efetivam naquilo que é manifesto, no não manifesto, no
intuitivo e no inusitado, se constituindo por intermédio de práticas artísticas
e culturais heterogêneas e plurais.
As
experiências de aprendizagem desse componente curricular têm o sujeito e suas
relações consigo mesmo, com o outro e com o mundo como fundamentais, proporcionando-lhe
a capacidade de se colocar no lugar do outro ao mesmo tempo em que se
diferencia dele. A Arte oportuniza a constituição do sujeito de maneira a
negociar identidades e pertencimentos, praticando diferentes formas de
entendimento e expressão, e se caracteriza por oportunizar experiências nas
dimensões da sensibilidade, da ética, da estética e da poética. Da Educação
Infantil ao Ensino Médio, incluindo todas as modalidades da Educação Básica,
observa-se que cada sujeito conhece, desenvolve, manifesta e cria maneiras
singulares de experimentar, de perceber e de se expressar, vivenciando os
subcomponentes da Arte em todos os momentos e situações do seu cotidiano.
Ao
considerar que a formação em Arte acontece em licenciaturas específicas (artes
visuais, dança, teatro e música), é necessário garantir professores habilitados
em cada um dos subcomponentes, para todas as etapas da Educação Básica.
Igualmente, é fundamental assegurar espaços físicos e materiais adequados para
a prática de cada subcomponente, bem como tempo apropriado para o
desenvolvimento do trabalho.
As
artes visuais têm como princípio lidar com a imagem através da experiência
estética e subjetiva. Deste modo, mobiliza e amplia os mundos internos dos
sujeitos, enriquecendo seus imaginários. É também de sua natureza a
experimentação, manipulação e o uso inventivo de materiais plásticos. Sua
prática é geradora de conhecimentos únicos que contribuem para a para o
fortalecimento e a formação de valores, pertencimentos e identidades individuais
e coletivas. Em seu compromisso com a Educação Básica, permite que os sujeitos
experimentem múltiplas culturas visuais, convivam com as diferenças e conheçam
outros espaços, rompendo os limites escolares e criando novas possibilidades de
interação cultural de acordo com as questões do cotidiano sejam estas concretas
e/ou simbólicas.
No
caso da dança, um dos princípios que a constituem como prática artística é o
pensamento e o sentimento do corpo, que implica no pensar por movimentos por
meio da articulação dos processos cognitivos, afecções e experiências sensíveis
implicados no movimento dançado. A dança e seus diferentes protocolos de
investigação e produção artística colocam em foco processos de criação
centrados naquilo que ocorre no/pelo corpo, discutindo e significando relações
de corporeidade e produção estética. A investigação do corpo em movimento em
sua vertente técnica, estética e expressiva, assim como em suas diferentes
matrizes e estilos, permite que o sujeito perceba e se conscientize de afecções,
pulsões e memórias, imagine novas articulações corporais, apropriando-se delas
de forma a exercitar a autoria e a autonomia. O sujeito, ao investir nos
aspectos sensíveis, epistemológicos e formais do corpo em movimento,
articulando-os ao seu contexto, transforma e problematiza percepções acerca do
corpo e da dança através de arranjos que permitirão novas leituras de si, do
mundo e da corporeidade. Tais perspectivas relacionais se constituem de forma
espiralada promovendo o trabalho com a cinestesia, visando, especialmente, a
autoria, a inventividade e o respeito ao outro por meio da experimentação dos
diversos modos de fazer e perceber a dança na atualidade.
O
teatro propicia condições para que o sujeito desenvolva sua capacidade de
expressão e comunicação verbal e não verbal, experimentando a potência
pedagógica do trabalho performativo na escola como meio de organizar, construir
e transformar a si mesmo e ao mundo por intermédio do jogo, da improvisação, da
atuação e da encenação. Ao longo da Educação Básica, a atividade teatral,
predominantemente caracterizada como criação coletiva e colaborativa, será
adequada à faixa etária, ao nível de desenvolvimento e interesse dos
estudantes, indo do jogo dramático à formalização e uso consciente da linguagem
teatral como meio expressivo. Uma das principais premissas desse subcomponente
é proporcionar a intensa troca de experiências entre os sujeitos, podendo
influenciar o desenvolvimento da percepção estética, da imaginação, da
intuição, da memória e da emoção. O teatro possibilita aprimoramento integral
do estudante, tanto do ponto de vista cognitivo quanto estético e afetivo.
Igualmente, destaca-se o espaço que a atividade teatral propicia para a
integração com outros componentes da área de linguagens como a Língua
Portuguesa e a Educação Física, bem como com outras áreas do currículo como,
por exemplo, com as Ciências Humanas. Da mesma forma, essa prática inclui
conhecer diferentes manifestações cênicas em tempos e espaços diversos,
incluindo o entorno artístico do educando e as produções que lhe são
contemporâneas.
O
processo pedagógico em Música está relacionado à mobilização, transmissão e
apropriação de conhecimentos adquiridos por meio do exercício de práticas
musicais sensoriais, analíticas e discursivas diversificadas, tendo como
princípios fundamentais o fruir, o refletir e o fazer música, desenvolvendo o
pensamento crítico e a criatividade. As bases epistemológicas da produção de
conhecimento em música se constituem na relação entre aspectos da Educação
Musical e de outros campos do saber, que possibilitam a compreensão musical do
sujeito, no que se refere à sua relação consigo mesmo, com o outro, com a
sociedade e com a própria música. As condições para que os direitos de
aprendizagem da Música sejam garantidos passam, no que se refere à Música, pela
sistematização de um processo, pela ampliação e preparação adequada dos espaços
escolares voltados para as práticas musicais e pela compreensão das
necessidades específicas de formação para o trabalho com o subcomponente.
A
progressão do conhecimento do componente curricular Arte, nas diferentes etapas
da escolarização, resulta da relação entre os elementos pertinentes aos
conteúdos dos subcomponentes e das características e contextos de atuação dos
sujeitos, por intermédio do reconhecimento dos saberes trazidos por eles,
considerando as singularidades de cada subcomponente e ampliando
progressivamente suas experiências. Ao longo das diferentes etapas da Educação
Básica, se espera uma expansão do repertório, ampliação das habilidades e
aumento da autonomia nas práticas artísticas dos sujeitos. Esse movimento se
produz a partir da reflexão sensível, imaginativa e crítica dos sujeitos sobre
os conteúdos artísticos, seus elementos constitutivos e sobre as variações
derivadas das experiências de invenção e criação. Do ponto de vista histórico,
a Arte propicia ao sujeito entender a gênese dos costumes e valores
constituintes de diferentes culturas, manifestadas em seus produtos artísticos.
O
ensino de Arte deve articular, de forma indissociável e simultânea, seis
dimensões de conhecimento que caracterizam a singularidade da experiência
estética: “estesia”, “fruição”, “expressão”, “criação”, “reflexão” e “crítica”.
Vale ressaltar que não há nenhuma hierarquia entre estas dimensões, tampouco
uma ordem necessária para trabalhar com elas no campo didático.
A
dimensão “estesia” é relativa às condições para que o estudante experimente o
espaço, o tempo, o som, a imagem, o corpo e os materiais, articulando a
sensibilidade e a percepção, tomadas como uma forma de conhecer.
A
“fruição” implica na apreciação estética de distintas experiências sensíveis e
de produções artísticas e culturais oriundas das mais diversas épocas, lugares
e grupos.
A
“expressão” diz respeito às possibilidades de experimentar formas de
manifestação, a partir da exploração do espaço, do tempo, do som, do corpo, dos
materiais, das imagens e das tecnologias.
A
“criação”, individual e/ou coletiva, resulta da atitude intencional do sujeito,
que confere materialidade estética à sua subjetividade, seus sentimentos,
ideias, imaginações, invenções, desejos, representações e proposições em
acontecimentos e produções artísticas.
A
“reflexão” se refere ao exercício, pelo sujeito, do pensamento e julgamento das
fruições, experiências e explorações criativas, artísticas e culturais, sozinho
ou com o auxílio de algo ou alguém.
A
“crítica” proporciona condições para que o estudante estabeleça relações entre
as experiências e manifestações artísticas e culturais vividas e conhecidas,
favorecendo um estranhamento ante o mundo e projetando o sujeito na direção de
algo novo.
Em
um sentido amplo, essas dimensões são contempladas, ao longo da Educação
Básica, pelos objetivos de aprendizagem apresentados a seguir. Todas as dimensões
perpassam o ensino de todos os subcomponentes em cada etapa e modalidade
escolar, podendo ser priorizadas aquelas que forem mais relevantes ou
necessárias para as circunstâncias sociais e práticas cotidianas dos grupos ou
pertinentes a dada etapa ou modalidade, levando-se em conta os avanços que se
pretende que os estudantes alcancem em cada contexto social e cultural.
Considerando
que os conhecimentos e experiências são constituídos por materialidades verbais
e não verbais, sensíveis, corporais, visuais, plásticas e sonoras, é importante
que cada dimensão seja sempre trabalhada de modo integrado com as outras,
levando-se em conta sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva.
OBJETIVOS GERAIS DO COMPONENTE CURRICULAR ARTE NA
EDUCAÇÃO BÁSICA
Os
objetivos de aprendizagem relacionados às diferentes etapas escolares são
organizados a partir das seguintes perguntas:
·
Quais são os saberes e as práticas em Arte
relevantes para a atuação crítica do estudante no seu contexto, em cada etapa e
modalidade escolar?
·
Quais desses saberes e práticas os estudantes já
conhecem, e até que ponto, e quais, eles ainda precisam aprender e/ou
aprofundar para que atuem de modo crítico e autoral no seu contexto, em cada
etapa e modalidade escolar?
Os
objetivos de aprendizagem em Arte da BNC foram organizados considerando sua
adequação à etapa de escolarização em que se encontram os estudantes e sua
faixa etária. Sua seleção e apropriação pela escola deve considerar o contexto
social e cultural dos estudantes, levando-se em conta suas experiências e
saberes prévios. Esses fatores, em combinação com a interação e interlocução
com outros campos de saber, vão exigir diferentes abordagens e graus de
complexidade nas práticas de conhecer, sentir, perceber, fruir, apreciar,
imaginar, expressar, criar, refletir, criticar e relacionar na arte e na
cultura.
Assim,
associados e articulados àquelas dimensões apresentadas acima, apresentamos
como objetivos transversais do Componente Curricular Arte aqueles que perpassam
todos os subcomponentes.
Considerado
o nível de aprofundamento e complexidade compatíveis com o contexto do grupo,
espera-se que o estudante possa:
·
conhecer, fruir e analisar criticamente diferentes
práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social e em diferentes
sociedades, em distintos tempos e espaços, respeitando as diferenças de etnia,
gênero, sexualidade e demais diversidades;
·
compreender as diferentes relações entre as artes
visuais, a dança, o teatro e a música e suas práticas integradas, inclusive
aquelas possibilitadas pelo uso das tecnologias de informação e comunicação,
nas condições particulares de produção e prática de cada subcomponente;
·
conhecer as matrizes culturais brasileiras em sua
tradição e nas manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em
artes visuais, dança, teatro e música;
·
vivenciar a expressividade, a ludicidade e a
imaginação, ressignificando diferentes espaços na escola e fora dela por meio
das artes visuais, da dança, do teatro e da música;
·
explorar os recursos tecnológicos como meio para o
registro, pesquisa e criação em Arte;
·
compreender as relações entre as artes, a mídia, o
mercado e o consumo;
·
problematizar questões políticas, sociais,
econômicas e culturais por meio de exercícios, produções e apresentações artísticas
que valorizem a autonomia, a crítica e a autoria;
·
construir relações artístico-culturais com as
comunidades do entorno da escola, nas quais se fazem presentes as culturas
infantis, juvenis e adultas.
A
seguir, apresentamos de forma ESPECÍFICA os objetivos relativos a cada um dos
subcomponentes (artes visuais, dança, teatro e música), atribuídos às distintas
etapas de escolarização. Vale destacar que não se trata de uma hierarquia, mas
um conjunto articulado de objetivos que integram aquelas diferentes dimensões e
se estabelecem em diferentes níveis de aprofundamento e complexidade.
Cabe
ao professor, tendo conhecimento do repertório de seus alunos e do contexto de
prática em que atua, a adequação dos objetivos às circunstâncias didáticas. Da
mesma forma, cabe à escola e ao sistema o provimento das condições materiais
necessárias para que as atividades possam ser adequadamente desenvolvidas.
Artes Visuais
Aprofundar o vocabulário e o
conhecimento dos elementos constitutivos específicos das artes visuais.
Explorar diferentes materiais,
instrumentos e recursos visuais e plásticos, com intencionalidade artística
crescente.
Organizar o ambiente para o
trabalho, compreendendo a utilização dos materiais com responsabilidade e
sustentabilidade.
Conhecer e apreciar obras e
produções visuais e plásticas de artistas locais, regionais, nacionais e
estrangeiros.
Planejar e criar trabalhos em
artes visuais, analisando-os e dialogando sobre a sua criação.
Produzir sentidos com e a
partir das diferentes imagens e objetos artísticos e conhecer seus contextos,
relações e tensões.
Mobilizar conhecimentos
adquiridos no processo de escolarização, de acordo com o grau de complexidade
possível aos estudantes, na criação, na fruição e na argumentação sobre arte.
Estudar as diversas
categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.), investigando,
problematizando e desconstruindo as hierarquias que foram historicamente
estabelecidas entre elas.
Estudar aspectos históricos da
produção artística da humanidade, problematizando as narrativas eurocêntricas e
considerando o contexto de diferentes sociedades.
Planejar trabalhos plásticos e
visuais, a partir do próprio repertório imaginário, de princípios conceituais e
de proposições temáticas.
Dança
Conhecer e compreender
elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado em seus
diferentes aspectos estruturais, dinâmicos e expressivos, considerando a
estrutura corporal.
Explorar os diferentes
elementos constitutivos da dança como prática artística pelo exercício da
ludicidade e da imaginação, apropriando-se desses elementos para a construção
de vocabulários e repertórios próprios.
Reconhecer e experimentar
corporalmente os fatores de movimento tempo, peso, fluência e espaço como
elementos que, combinados, geram as ações corporais.
Utilizar brincadeiras, jogos e
danças coletivas de diferentes matrizes estéticas e culturais, como território
de investigação para a criação e composição de danças autorais individualmente
e em grupo.
Conhecer as diferentes técnicas
e estilos de dança e suas diferentes corporeidades articulando-os à sua
experiência e contexto.
Fruir diferentes manifestações
de dança da sua região, contextualizando-as em suas diversas matrizes estéticas
e culturais.
Relacionar os diferentes
sentidos e significados da dança como prática artística ao seu contexto
sociocultural.
Experimentar os diferentes
elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora, etc.) para composição
cênica em dança.
Teatro
Exercitar atividades teatrais e
compreender o trabalho coletivo nos seus limites e desafios por intermédio de
diferentes modalidades de improvisação.
Conhecer as diferenças entre o
jogo projetado, o jogo dramático e o jogo teatral.
Conhecer os modos de produção e
os modos de organização da atuação profissional em teatro.
Experimentar as sonoridades, as
gestualidades corporais e as vocalidades de maneira imaginativa.
Compor sequências cênicas e
caracterizar diferentes personagens, tipos, figuras, a partir de textos
dramáticos, de músicas, de imagens, de narrativas ou de outros elementos dados
ou inventados.
Comunicar-se por meio de
gestualidades cotidianas teatralizadas.
Ter prazer em encenar estilos
cênicos diferentes.
Encenar sequências cênicas,
integradas a manifestações artístico-culturais diversas.
Experimentar a composição de
diferentes dramaturgias e utilizar diferentes espaços (palco à italiana, arena,
semi-arena, rua, plataformas etc.) para o acontecimento cênico.
Pesquisar, conhecer e apreciar
o trabalho de grupos de teatro, de dramaturgos, de atores e de diretores
locais, nacionais, estrangeiros, do presente e do passado.
Criar acontecimentos cênicos,
relacionando elementos como figurinos, adereços, cenário, iluminação, jogo
cênico, relação com o espectador, sonoplastia, tecnologias da comunicação e
informação etc..
Música
Conhecer aspectos técnicos,
estilísticos, históricos e interpretativos na prática instrumental
(convencional e alternativa) e vocal em propostas de criação, interpretação e
apreciação musical, individuais e coletivas.
Compreender e apropriar-se de
repertórios, códigos e convenções que constituem as especificidades da música,
identificando-os em propostas de criação, interpretação e apreciação musical.
Experimentar sonoridades,
materiais e técnicas diversas para a construção de instrumentos musicais,
aperfeiçoando-os em nível de complexidade crescente.
Reconhecer e utilizar fontes
sonoras diversificadas em propostas de criação, interpretação e apreciação
musical.
Reconhecer e utilizar
diferentes formas de grafia musical (convencionais e alternativas) em propostas
de criação, interpretação e apreciação.
Exercitar a análise e a crítica
musical de repertório cotidiano, de outros repertórios da cultura musical
brasileira e estrangeira, e de produções próprias, buscando a identificação de
técnicas, formas, estilos e elementos musicais específicos.
COMPONENTE
CURRICULAR EDUCAÇÃO FÍSICA (120 h/aula anuais)
Nas
últimas décadas a Educação Física brasileira vem empreendendo esforços para se
alinhar aos propósitos republicanos que regem a Educação Básica em nosso país:
possibilitar às novas gerações a preservação e a reconstrução da herança
científica e cultural acumulada pela humanidade sob a forma de conhecimentos
sistematizados.
Nessa
perspectiva, esse componente curricular trata das práticas corporais em suas
diversas formas de codificação e significação social, entendidas como
manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos e do patrimônio
cultural da humanidade, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da
história. Oportuniza a construção de conhecimentos teórico-práticos
contextualizados sobre a cultura corporal de movimento, capazes de promover a
participação confiante e autoral dos/as estudantes na sociedade, bem como a
ampliação dos recursos do cuidado de si e dos outros.
É
responsabilidade da Educação Física tratar das práticas corporais na escola
como fenômeno cultural dinâmico, diversificado, pluridimensional, singular e
contraditório, assegurando aos/às estudantes a construção de um conjunto de conhecimentos
necessários à formação plena do cidadão. Desse modo, cabe a esse componente
curricular problematizar, desnaturalizar e evidenciar a multiplicidade de
sentidos/significados que os grupos sociais conferem às diferentes
manifestações da cultura corporal de movimento, não se limitando, apenas, a
reproduzi-las.
Cada
manifestação da cultura corporal de movimento propicia ao sujeito o acesso a
uma dimensão de conhecimento e de experiências à qual ele não teria de outro
modo. A vivência dessas práticas corporais não é um meio para se aprender
outros conteúdos, mas, sim, uma forma de gerar um tipo de conhecimento muito
particular, insubstituível. Caso não seja oferecida ao/à estudante a
possibilidade de experimentar e de interpretar as múltiplas formas de expressão
da linguagem corporal, ele/a estará perdendo a oportunidade de perceber o mundo
e a si próprio/a de um modo singular.
As
práticas corporais, nessa perspectiva, são entendidas como uma forma de relação
do ser humano com o mundo e de interação com os outros sujeitos, que, ao
possibilitarem a construção de sentidos e significados singulares,
configuram-se como produções diversificadas da cultura. Suas diferentes
manifestações assumem, no mundo contemporâneo, uma importância cada vez maior
no cotidiano das pessoas e na história social, constituindo subjetividades e
identidades, quer seja na dimensão do lazer, quer seja na dimensão da saúde.
Dessa
forma, a referência central para a estruturação dos conhecimentos em Educação
Física na Base Nacional Comum Curricular são as práticas corporais. Elas estão
organizadas neste documento com base nas seguintes manifestações da cultura
corporal: brincadeiras e jogos; esportes; exercícios físicos; ginásticas;
lutas; práticas corporais alternativas; práticas corporais de aventura;
práticas corporais rítmicas.
Trabalhar
nessa perspectiva demanda formular, ensaiar, sistematizar e compartilhar
conhecimentos que propiciem a experimentação e a apreciação por parte dos/as
estudantes das práticas corporais acima mencionadas, colocando para o
componente alguns desafios que precisam ser superados:
·
desafios de legitimação ético-política: formular um
sentido para a Educação Física articulada à função social da escola, no
contexto de uma sociedade democrática e republicana;
·
desafios curriculares: explicitar e organizar os
conhecimentos pelos quais o componente curricular é responsável, bem como
formular progressões com maior grau de complexidade e maior densidade crítica
no decorrer dos anos escolares;
·
desafios interdisciplinares: possibilitar o diálogo
com os conhecimentos produzidos/trabalhados nas demais áreas e componentes
curriculares;
·
desafios didáticos: elaborar estratégias para
ensinar e avaliar os conteúdos em uma perspectiva coerente aos propósitos da
Educação Física como componente da área das Linguagens.
Simultaneamente,
a Educação Física contém uma série de possibilidades para enriquecer a
experiência das crianças, jovens e adultos na Educação Básica, permitindo o
acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes
corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas, agonísticas que se
inscrevem, mas não se restringem, à racionalidade típica dos saberes
científicos que comumente orienta as práticas pedagógicas na escola.
Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão que não se alicerçam
apenas nessa racionalidade é uma das potencialidades desse componente.
Em
termos de progressão dos conhecimentos da Educação Física, ao longo da Educação
Básica, deve-se considerar que todas as práticas corporais podem ser objeto do
trabalho pedagógico em qualquer etapa e modalidade de ensino. Ainda assim,
alguns critérios de progressão devem ser considerados, tais como os elementos
específicos das diferentes práticas corporais, as características dos sujeitos
e os contextos de atuação, sinalizando tendências de organização dos
conhecimentos que vão, das esferas sociais mais familiares às menos familiares,
das temáticas mais frequentes às menos frequentes, das práticas corporais mais
corriqueiras às menos comuns, de uma reflexão mais localizada a uma mais
universal.
A
partir desse conjunto de concepções, este documento se propõe explicitar os
saberes da Educação Física, traduzidos em objetivos de aprendizagem (gerais e
específicos), considerados fundamentais à experiência formativa de crianças e
jovens. Os objetivos a seguir foram organizados com a intenção de auxiliar no
planejamento e na elaboração de projetos curriculares que favoreçam a
apropriação, a problematização e o uso criativo dos conhecimentos específicos
da Educação Física em cada escola.
OBJETIVOS GERAIS DO COMPONENTE CURRICULAR EDUCAÇÃO
FÍSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
O
componente Educação Física visa a assegurar uma formação que possibilite ao/à
estudante:
·
compreender a origem e a dinâmica de transformação
das representações e práticas sociais que constituem a cultura corporal de
movimento, seus vínculos com a organização da vida coletiva e individual e com
os agentes sociais envolvidos em sua produção (Estado, mercado, mídia,
instituições esportivas, organizações sociais etc.);
·
identificar, interpretar e recriar os valores, os
sentidos, os significados e os interesses atribuídos às diferentes práticas
corporais;
·
experimentar, fruir/desfrutar e apreciar a
pluralidade das práticas corporais, prezando o trabalho coletivo e o
protagonismo;
·
usar práticas corporais, de forma proficiente e
autônoma, para potencializar o seu envolvimento em contextos de lazer e a
ampliação das redes de sociabilidade;
·
formular e empregar estratégias para resolver
desafios e incrementar as possibilidades de aprendizagem das práticas
corporais, além de se envolver no processo de ampliação do acervo cultural
nesse campo;
·
reconhecer as práticas corporais como elementos
constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos, identificando nelas os
marcadores sociais de classe social, gênero, geração, padrões corporais,
pertencimento clubístico, raça/etnia, religião;
·
interferir na dinâmica da produção da cultura
corporal de movimento local em favor da fruição coletiva, bem como reivindicar
condições adequadas para a promoção das práticas de lazer, reconhecendo-as como
uma necessidade básica do ser humano e direito do cidadão;
·
examinar a relação entre a realização de práticas
corporais e a complexidade de fatores coletivos e individuais que afetam o
processo saúde/doença, reconhecendo os vínculos entre as condições de vida
socialmente produzidas e as possibilidades/impossibilidades do cuidado da saúde
individual e coletiva;
·
compreender o universo de produção de padrões de
desempenho, saúde, beleza e estética corporal e o modo como afetam a educação
dos corpos, analisando criticamente os modelos disseminados na mídia e evitando
posturas bitoladas, consumistas e preconceituosas.
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICOS POR PRÁTICA
CORPORAL EM CICLOS
Os
objetivos específicos do componente Educação Física foram formulados por
prática corporal e organizados em cinco ciclos de escolaridade. Dois ciclos nos
anos iniciais do Ensino Fundamental (1°, 2° e 3° anos; 4° e 5° anos), dois
ciclos nos anos finais do Ensino Fundamental (6° e 7° anos; 8° e 9° anos) e um
ciclo no Ensino Médio (1°, 2° e 3° anos).
A
organização sob a forma de ciclos tem a função de balizar as expectativas de
aprendizagem no percurso curricular. Indicam que o/a estudante tem direito de
aprender determinados conhecimentos em cada etapa. Isso não impede que os/as
professores/as antecipem, ou aprofundem posteriormente, as aprendizagens
previstas para determinada fase; apenas se está sinalizando claramente a
necessidade de que esses conhecimentos sejam efetivamente trabalhados até o
final do ciclo indicado.
A
formulação dos objetivos, para cada uma das práticas corporais, articula, de
forma indissociável e simultânea, oito dimensões de conhecimento que permitem
sua tematização como saberes escolares: experimentação e produção, fruição,
reflexão sobre a ação, construção de valores, análise e compreensão crítica das
práticas corporais e protagonismo comunitário. Vale ressaltar que não há
nenhuma hierarquia entre essas dimensões, tampouco uma ordem necessária para o
desenvolvimento do trabalho no âmbito didático. Cada uma dessas oito dimensões
do conhecimento exigirá diferentes abordagens e graus de complexidade, para que
venham a se tornar relevantes e significativas nas distintas etapas de
escolarização. Em cada uma dessas dimensões, e de acordo com o repertório de
conhecimentos prévios do/a estudante, espera-se que a escola ofereça
oportunidades para que ele/a desenvolva, durante todo o percurso escolar, os
objetivos específicos previstos para as diferentes práticas corporais aqui
descritas.
Esportes
Praticar, com autonomia, o(s)
esporte(s) escolhido(s) para realizar, usando habilidades técnico-táticas
básicas de forma elementar.
Experimentar e recriar esportes
técnico-combinatórios, de marca e de campo e taco.
Fruir/desfrutar e apreciar
tanto o(s) esporte(s) escolhido(s) para praticar de forma autônoma, como as
demais modalidades experimentadas, prezando o trabalho coletivo e o
protagonismo.
Identificar, debater e utilizar
estratégias individuais na solução de situações problemáticas, tanto no(s)
esporte(s) escolhido(s) para praticá-lo(s) de forma autônoma, como nas
modalidades experimentadas.
Participar do enfrentamento de
situações de injustiça e preconceito geradas e/ou presentes no contexto da
prática esportiva e na produção de alternativas democráticas para sua
superação.
Identificar os elementos
técnicos ou técnico-táticos individuais e as principais regras das modalidades
praticadas.
Distinguir os diversos tipos de
esportes e recriar suas possibilidades de prática.
Diferenciar esporte de outras
manifestações da cultura corporal de movimento.
Compreender criticamente a
emergência e as transformações históricas dos sentidos, significados e
interesses constitutivos dos esportes praticados, bem como as possibilidades de
recriá-los.
Identificar os esportes
praticados e os não praticados na comunidade e refletir sobre as
características de seus praticantes.
Propor e produzir alternativas
para experimentar esportes não disponíveis e/ou acessíveis para todos na
comunidade.
Exercícios
Físicos
Experimentar e produzir
exercícios físicos que solicitem diferentes capacidades físicas.
Fruir/desfrutar dos exercícios
físicos experimentados.
Perceber e interpretar as
sensações corporais provocadas pela prática de exercícios físicos.
Construir coletivamente
procedimentos e normas de convívio que viabilizem a participação de todos na
prática de exercícios físicos.
Diferenciar exercício físico de
atividades físicas e de outras manifestações da cultura corporal de movimento.
Compreender criticamente as
transformações históricas das demandas de atividades físicas utilitárias e seus
vínculos com as práticas corporais.
Lutas
Experimentar diferentes tipos
de lutas da cultura brasileira (Capoeira, Uga-Uga, Luta Marajoara, dentre
outras) e realizar, de forma autônoma, uma delas.
Fruir/desfrutar diferentes
tipos de lutas da cultura brasileira.
Formular estratégias para
resolver desafios em diferentes tipos de lutas da cultura brasileira.
Analisar, refletir e
estabelecer acordos em favor de situações de justiça, equidade e solidariedade
entre os participantes durante a prática das lutas da cultura brasileira.
Reconhecer e respeitar o colega
como oponente no contexto da pratica de lutas.
Reconhecer as características
(códigos, rituais, elementos técnico-táticos, indumentária, materiais,
instalações, instituições) dos diferentes tipos de lutas do Brasil.
Compreender criticamente a
emergência e as transformações históricas dos sentidos, significados e
interesses constitutivos das lutas da cultura brasileira, bem como as
possibilidades de recriá-las.
Identificar locais de prática e
verificar as possibilidades de realização das lutas aprendidas na escola.
Propor alternativas para
preservar e valorizar as lutas da cultura brasileira.
Ginásticas
Experimentar e produzir
coreografias ginásticas individuais e grupais a partir de diferentes temas e
materiais.
Fruir/desfrutar e apreciar
apresentações ginásticas individuais e grupais.
Solucionar problemas
enfrentados durante a composição temática de coreografias ginásticas.
Produzir apresentações
ginásticas coletivas com base no reconhecimento das singularidades presentes no
grupo.
Reconhecer e refletir os
procedimentos necessários para a elaboração de apresentações de ginástica geral
a partir de temas.
Compreender criticamente a
conexão entre a gestualidade e a temática anunciada nas apresentações
ginásticas.
Produzir apresentações
ginásticas que possibilitem reflexão acerca de temas relevantes do cotidiano.
Práticas
Corporais de Aventura
Experimentar diferentes
práticas corporais de aventura urbanas.
Fruir/desfrutar de práticas
corporais de aventura urbanas.
Formular estratégias para
identificar os desafios e os riscos em realizar as práticas corporais de
aventura urbanas.
Identificar as situações de
risco presentes nas práticas corporais de aventura urbanas e observar normas de
segurança.
Realizar práticas corporais de
aventura urbanas respeitando o patrimônio público e minimizando os impactos da
degradação ambiental.
Reconhecer e refletir sobre as
características (riscos, instrumentos, equipamentos de segurança, indumentária,
organização) e tipos de práticas corporais urbanas.
Compreender criticamente as
marcas sociais, emergência e as transformações históricas dos sentidos,
significados e interesses constitutivos das práticas corporais de aventura
urbanas, bem como as possibilidades de recriá-las.
Identificar, explorar e avaliar
os locais disponíveis na comunidade para a realização de diferentes práticas
corporais de aventura urbanas.
Práticas
Corporais Rítmicas
Experimentar e recriar
diferentes danças folclóricas brasileiras.
Fruir/desfrutar e apreciar
diferentes danças folclóricas brasileiras.
Formular estratégias para
identificar e realizar os ritmos, os gestos e as coreografias das danças
folclóricas do Brasil.
Problematizar e estabelecer
acordos no universo das danças folclóricas brasileiras, objetivando a
construção de interações referenciadas na solidariedade, na justiça, na
equidade, e no respeito às diferenças.
Reconhecer e refletir sobre as
características dos diferentes ritmos, gestos, coreografias e músicas das
danças do Brasil.
Compreender criticamente a
emergência e as transformações históricas dos sentidos, significados e
interesses constitutivos das danças folclóricas brasileiras, bem como as
possibilidades de recriá-las.
Identificar e planejar
atividades para promover a prática de danças folclóricas brasileiras na
comunidade escolar.
5.5.2. ÁREA DE MATEMÁTICA (200 h/aula
anuais)
A Matemática assume
um papel fundamental para o pleno acesso dos sujeitos à cidadania. Em uma
sociedade cada vez mais baseada no desenvolvimento tecnológico, os
conhecimentos matemáticos tornam-se imprescindíveis para as diversas ações
humanas, das mais simples às mais complexas, tais como compreensão de dados em
gráficos, realização de estimativas e percepção do espaço que nos cerca, dentre
outras.
O desenvolvimento
desta área de conhecimentos, a Matemática, foi e continua sendo por meio das
relações que o homem estabelece com a sociedade em que vive. O conhecimento
matemático é fruto da busca, pelo ser humano, de respostas a problemas que a
sociedade lhe apresenta em suas práticas sociais. A Matemática não é, e não
pode ser vista pela escola, como um aglomerado de conceitos antigos e
definitivos a serem transmitidos ao/à estudante. Ao contrário, no processo
escolar, é sempre fundamental que ele/a seja provocado/a a construir e a
atribuir significado aos conhecimentos matemáticos.
Dessa forma, a
Matemática pode ser vista como uma fonte de modelos para os fenômenos que nos
cercam. Esses modelos compreendem não somente os conceitos, mas as relações
entre eles, procedimentos e representações de diversas ordens. Por exemplo, uma
caixa de sapatos, que é um objeto do mundo físico, pode ser associada à figura
geométrica espacial paralelepípedo retângulo, que é um modelo matemático
abstrato. A altura que uma bola de futebol atinge, ao ser cobrada uma falta,
ação de nosso mundo físico, pode ser associada ao modelo matemático da função
quadrática, que pertence à dimensão abstrata.
É importante
ressaltar que essa associação entre o mundo físico que nos rodeia e o mundo
abstrato da Matemática pode ser comparada a uma via de mão dupla. Por exemplo,
ao mesmo tempo em que um paralelepípedo retângulo funciona como um modelo
abstrato para o objeto físico caixa de sapatos, para o modelo abstrato da
figura geométrica espacial esfera, podemos associar o objeto do mundo físico
bola de futebol.
A evolução do
conhecimento matemático como ciência veio acompanhada de uma organização em
eixos tais como geometria, álgebra, operações aritméticas, dentre outros. Essa
organização deve ser vista tão somente como um elemento facilitador para a
compreensão da área da Matemática. Os objetos matemáticos não podem ser
compreendidos isoladamente, eles estão fortemente relacionados uns aos outros.
Superar a perspectiva de limitar esses objetos em blocos isolados e estanques
tem sido um dos principais desafios a serem vencidos com relação às práticas
escolares de trabalho com a Matemática.
Em função disso,
atualmente podemos perceber certo consenso sobre alguns princípios fundamentais
para o sucesso da aprendizagem da Matemática na escola.
Em primeiro lugar,
é preciso valorizar todo o conhecimento que o/a estudante traz de suas práticas
sociais cotidianas. Não podemos imaginar que ele/a chega à escola com a cabeça
vazia; ao contrário, todo/a estudante carrega consigo uma diversidade de
conhecimentos matemáticos que podem e devem servir de ponto de partida para
novas aprendizagens. É muito importante, em sala de aula, provocar o/a
estudante para que ele/ela explicite esses conhecimentos, os quais devem ser,
permanentemente, associados aos conhecimentos escolares trabalhados.
Além disso, para
que o/a estudante tenha sucesso em Matemática, é preciso que ele/a atribua
sentido para os conceitos aprendidos na escola. Esse processo demanda, muitas
vezes, o recurso à contextualização dos problemas apresentados a ele/a.
Entretanto, a contextualização de um problema não se resume a, por exemplo,
colocar “frutas” no seu enunciado (que é apenas um exercício de aplicação de
conhecimentos previamente aprendidos), mas, sim, criar uma situação que envolva
contextos diversos (sociais e científicos) em que o/a estudante não veja de
imediato a sua solução. É preciso que a situação apresentada demande que o/a
estudante elabore hipóteses de resolução, teste a validade dessas hipóteses,
modifique-as, se for o caso, e assim por diante. Trata-se, portanto, de
desenvolver um tipo de raciocínio próprio da atividade matemática, permitindo
compreender como os conceitos se relacionam entre si.
Finalmente, é
preciso observar que os objetos matemáticos não são acessíveis diretamente.Em
Matemática não podemos ver uma equação ou pesar um cubo. Os objetos matemáticos
são entes abstratos que somente podem ser acessados por meio de suas
representações. Como vimos anteriormente, um cubo, objeto abstrato, não existe
na natureza, o que podemos ter é a noção de cubo, por meio de um desenho ou de
um objeto físico, tal como uma caixa ou um dado.
Por isso, é
importante considerarmos que, antes de o/a estudante ser apresentado/a à
representação de um objeto matemático, é preciso que ele/a elabore a
compreensão desse objeto. Além disso, no caso da Matemática, um mesmo objeto
pode ser representado de diferentes maneiras e uma mesma representação pode ser
associada a diferentes objetos. Por exemplo, a representação simbólica ¾ pode
significar três partes de um inteiro dividido em quatro partes iguais, ou uma
relação entre três e quatro, ou uma divisão de três objetos em quatro partes
iguais ou, 75% ou, ainda, uma probabilidade.
O refinamento das
representações dos objetos matemáticos é elaborado pouco a pouco pelo/a
estudante. É importante iniciar o processo de aprendizagem em Matemática
provocando o/a estudante a fazer matemática para que, posteriormente, ele/a
possa se apropriar de registros de representação simbólicos.
Assim, a
aprendizagem em Matemática demanda a exploração de três momentos distintos e
ordenados. No primeiro, o estudante deve fazer Matemática. Após, ele deve
desenvolver registros de representação pessoais para, finalmente, apropriar-se
dos registros formais.
OBJETIVOS GERAIS DA ÁREA DE MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
·
Como dito anteriormente, a apropriação do conhecimento matemático é
condição fundamental para que o/a estudante da Educação Básica tenha acesso
pleno à cidadania, servindo de importante ferramenta em suas práticas sociais
cotidianas. Isso implica o desenvolvimento de uma maneira de raciocinar, que
demanda a consecução de alguns objetivos, apresentados a seguir.
·
Estabelecer conexões entre os eixos da Matemática e entre essa e outras
áreas do saber.
·
Resolver problemas, criando estratégias próprias para sua resolução,
desenvolvendo imaginação e criatividade.
·
Raciocinar, fazer abstrações com base em situações concretas,
generalizar, organizar e representar.
·
Comunicar-se, utilizando as diversas formas de linguagem empregadas em
Matemática.
·
Utilizar a argumentação matemática apoiada em vários tipos de
raciocínio.
A MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
É importante
destacar, inicialmente, a necessária aproximação entre os conhecimentos
matemáticos e o universo da cultura, das contextualizações e da instrumentação
crítica, como princípios que são o ponto de partida para a prática pedagógica.
O ensino de Matemática visa a uma compreensão abrangente do mundo e das
práticas sociais, qualificando a inserção no mundo do trabalho, que precisa ser
sustentada pela capacidade de argumentação, segurança para lidar com problemas
e desafios de origens diversas. Por isso, é fundamental que o ensino seja
contextualizado e interdisciplinar, mas que, ao mesmo tempo, se persiga o
desenvolvimento da capacidade de abstrair, de perceber o que pode ser
generalizado para outros contextos, de usar a imaginação.
No processo de
contextualizar, abstrair e voltar a contextualizar, outras capacidades são
essenciais, como: questionar, imaginar, visualizar, decidir, representar e
criar. Nessa perspectiva, alguns dos objetivos de aprendizagem formulados
começam por: “resolver e elaborar problemas envolvendo...”. Nessa enunciação
está implícito que o conceito em foco deve ser trabalhado por meio da resolução
de problemas, ao mesmo tempo em que, a partir de problemas conhecidos, deve-se
imaginar e questionar o que ocorreria se algum dado fosse alterado ou se alguma
condição fosse acrescida. Nesse sentido, indicamos a elaboração de problemas
pelos/as próprios/as estudantes, e não apenas a proposição de enunciados
típicos que, muitas vezes, apenas simulam alguma aprendizagem.
Um currículo, na
área da Matemática, dialogando com todas as áreas, precisa garantir o direito à
compreensão das ideias abrangentes que articulam conhecimentos específicos; ao
desenvolvimento do pensamento analítico e à interpretação de problemas, criação
de suas próprias estratégias de resolução e produção de situações desafiadoras.
Essas capacidades habilitam os/as estudantes a buscarem respostas a situações
familiares e não familiares pelo emprego de estratégias típicas do raciocínio
matemático e fundamentais para a tomada de decisões conscientes, de maneira
cada vez mais qualificada.
A Matemática é uma
ciência composta por múltiplos conceitos que se relacionam, se complementam e
que, muitas vezes, são interdependentes. Além disso, o corpo de conhecimentos
matemáticos (que se consolida por ampliações sucessivas ao longo da Educação
Básica) está fortemente apoiado em suas aplicações, tanto aquelas do cotidiano
fora da sala de aula quanto as que se originam pelo próprio desafio do
conhecimento, que está sempre em movimento, necessitando ser completado,
explicado, verificado.
As ideias
matemáticas foram produzidas e se desenvolveram durante milhares de anos
fincadas em diversas culturas, têm suas histórias associadas às necessidades de
cada tempo social, estando em constante desenvolvimento. Dessa forma, a
Matemática contemporânea se constitui a partir de elos com outras áreas de
conhecimento e com os desafios do desenvolvimento da sociedade. As tecnologias
digitais são exemplo disso, pois, ao mesmo tempo que exigem novas descobertas
matemáticas para seu avanço, facilitam a expansão de ideias e dão acesso a
novas formas de aplicação dos conhecimentos, o que possibilita a continuidade
da exploração e invenção matemática.
É no planejamento
da ação pedagógica que as conexões e a riqueza de possibilidades do currículo
podem ser explicitadas, contribuindo para que todos se beneficiem do acesso ao
raciocínio matemático e aprendam a aplicá-lo de maneira criativa e eficiente.
Na Base Nacional Comum Curricular, a Matemática propõe objetivos básicos de
aprendizagem, mas tem, sobretudo, o papel de encorajar os professores a
propiciarem que seus alunos se motivem e desenvolvam a autoconfiança, mediante
sua participação ativa em experiências desafiadoras e atraentes.
Partimos da
concepção de que a criança aprende Matemática dentro e fora da escola. Esse
aprendizado se inicia antes mesmo da Educação Infantil e acompanha todo o
Ensino Fundamental, que é quando um tratamento sistematizado um pouco além dos
conhecimentos intuitivos tem começo e, progressivamente, amplia e introduz
novos conceitos. Desde a Educação Infantil, as relações espaço-temporais, as de
quantificação e as de medição começam a ser exploradas, por meio de atividades
intencionalmente planejadas que valorizam os conhecimentos das crianças. No
Ensino Fundamental de nove anos, que pode ser subdividido em duas fases (anos
iniciais e anos finais), esse caminho em direção aos conhecimentos socialmente
construídos continua a ser trilhado, respeitando-se o pensar e o fazer
matemáticos típicos de cada fase, sempre visando à ampliação e ao
aprofundamento de forma paulatina e persistente.
Os objetivos de
aprendizagem foram organizados em cinco eixos: Geometria, Grandezas e Medidas,
Estatística e Probabilidade, Números e Operações, Álgebra e Funções. Cada um
desses eixos recebe uma ênfase diferente, dependendo do ano de escolarização,
buscando garantir que a proficiência dos/as estudantes em Matemática se torne
cada vez mais sofisticada, ao longo dos anos de escolarização. Na seleção dos
objetivos por eixo de um mesmo ano letivo, estão previstas conexões entre os
conhecimentos de diferentes eixos e de diferentes componentes curriculares de
modo que o/a estudante possa perceber a riqueza dos conhecimentos.
Nos três primeiros
anos do Ensino Fundamental, período destinado à alfabetização, espera-se que as
crianças aperfeiçoem seus sistemas de localização e capacidade de descrição do
espaço, o que é complementado pelas experiências com as diferentes grandezas
que nos cercam e que permitem sucessivas aproximações com o eixo da Geometria.
Por meio de conhecimentos iniciais da Probabilidade e da Estatística, os
estudantes começam a compreender a incerteza como objeto de estudo da
Matemática e o seu papel na compreensão de questões sociais, por exemplo, em
que nem sempre a resposta é única e conclusiva. No eixo dos Números e
Operações, espera-se que os alunos ganhem autonomia no pensamento numérico, sem
as amarras de convenções e formalizações desnecessárias. Assim, almeja-se que
os/as estudantes tenham acesso e possam compreender que há números tão grandes
e tão pequenos quanto se queira, já que é essa a força da compreensão do
sistema de numeração decimal. A esperança é que os/as estudantes possam compreender
e realizar operações, usando estratégias que façam sentido para eles/as
próprios/as e que elas sejam avaliadas, comparadas e aperfeiçoadas. O eixo da
Álgebra, nessa etapa, está associado à capacidade de identificar atributos e
regras de formação de sequências, uma das primeiras evidências de organização
do pensamento. Pode-se também reconhecer mudanças e relações, primeiros
indícios da ideia de função.
Nos anos seguintes,
quarto e quinto ano do Ensino Fundamental, em Geometria, a compreensão de características
e propriedades de figuras planas e espaciais começa a organizar esse eixo . Em
relação às Grandezas e Medidas, o conhecimento do Sistema Internacional de
Medidas começa a dar força e estruturação à conceituação das grandezas, o que
permite, ao/à estudante, desenvolver autonomia para conviver de forma
consciente e crítica com questões comerciais e financeiras do dia a dia. No
campo da Estatística e Probabilidade, a compreensão da aleatoriedade e da
incerteza de diversas situações possibilita uma melhor compreensão de questões
sociais úteis à construção de valores, junto com uma análise mais crítica das
informações divulgadas pela mídia, por exemplo. Para todas essas aprendizagens,
é essencial a ampliação dos conhecimentos dos números naturais e de suas
operações, bem como a iniciação no convívio com um novo tipo de número, os
racionais positivos. Tais conhecimentos, que devem se iniciar sempre a partir
de situações e problemas contextualizados, vão ganhando estrutura para que
possam ser descontextualizados de aplicações específicas e reaplicados em novas
situações durante a resolução de problemas. São os objetivos do eixo da Álgebra
que contribuem para dar corpo e relacionar conceitos que, à primeira vista,
parecem conhecimentos isolados.
A Matemática dos
anos finais do Ensino Fundamental leva ao amadurecimento de muitos conceitos
com os quais os estudantes já vinham convivendo. É assim que a Matemática
escolar se constitui, acompanhando o desenvolvimento dos estudantes, por meio
de suas sucessivas descobertas de possibilidades e conceitos que passam a fazer
sentido para a resolução de novos problemas. Um bom exemplo disso se observa no
campo dos números, que se amplia pela descoberta de que os números naturais e
os racionais positivos não são suficientes para explicar novas situações,
constroem-se os números negativos e novos conjuntos numéricos, os inteiros e os
racionais e, ainda nessa etapa, os números reais. Da mesma forma, nos demais
eixos, os/as estudantes devem ser levados/as a perceber que novos objetos do
conhecimento são necessários para atender a novas demandas sociais e
científicas, como as grandezas compostas, uma localização mais precisa por meio
do plano cartesiano (tão importante também para o estudo da Geografia), e a
compreensão de como se obtêm dados estatísticos e de como se inferem resultados
para que sua leitura e interpretação seja cada vez mais competente. É nessa
etapa, também, que o eixo da Álgebra e Funções ganha densidade, o que contribui
não apenas para aumentar o raciocínio lógico, mas, principalmente, o poder de
resolver problemas que dependem de um novo tipo de compreensão das informações
disponíveis para gerar modelos de resolução.
OBJETIVOS GERAIS DA ÁREA DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
·
Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender o
mundo à sua volta.
·
Desenvolver o interesse, a curiosidade, o espírito de investigação e a
capacidade para criar/elaborar e resolver problemas.
·
Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos
presentes nas práticas sociais e culturais, sabendo selecionar, organizar e
produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente.
·
Estabelecer relações entre conceitos matemáticos de um mesmo eixo e
entre os diferentes eixos (Geometria, Grandezas e Medidas, Estatística e
Probabilidade, Números e Operações, Álgebra e Funções), bem como entre a
Matemática e outras áreas do conhecimento.
·
Comunicar-se matematicamente (interpretar, descrever, representar e
argumentar), fazendo uso de diferentes linguagens e estabelecendo relações
entre ela e diferentes representações matemáticas.
·
Desenvolver a autoestima e a perseverança na busca de soluções,
trabalhando coletivamente, respeitando o modo de pensar dos/as colegas e
aprendendo com eles/as.
·
Recorrer às tecnologias digitais a fim de compreender e verificar
conceitos matemáticos nas práticas sociocientíficas.
Geometria
Associar pares ordenados a pontos do plano
cartesiano, considerando apenas o primeiro quadrante.
Diferenciar polígonos de não polígonos,
classificando-os como regulares e não regulares.
Reconhecer características dos quadriláteros,
classificando-os em relação a lados e a ângulos.
Construir figuras planas semelhantes em
situações de ampliação e redução, reconhecendo a conservação dos ângulos e a
proporcionalidade entre os lados, usando malhas ou tecnologias digitais.
Desenhar retas paralelas e perpendiculares,
usando instrumentos de desenho.
Grandezas
e medidas
Resolver e elaborar problemas, sem o uso de
fórmulas, envolvendo noções de medida de comprimento, área (triângulos e
retângulos), massa, capacidade, volume (blocos retangulares) e temperatura,
aplicando as relações entre as unidades de medida mais usuais.
Determinar medida de ângulos, com uso de
transferidor ou tecnologias digitais.
Reconhecer que perímetro e área são
independentes e descrever o que ocorre com as medidas do perímetro e da área de
um quadrado ou de um retângulo, quando se altera a medida de seus lados
(exemplo: dobra, triplica).
Estatística
e probabilidade
Indicar a probabilidade de um evento por um
número racional (na forma fracionária, decimal e percentual) e compreender que,
se um experimento aleatório for realizado com um grande número de tentativas,
os resultados obtidos tendem à probabilidade calculada.
Reconhecer os elementos de um gráfico de
colunas, barras e linha (eixos, título, fonte e legenda).
Comparar e interpretar dados de uma pesquisa
que envolve duas categorias de variáveis, apresentadas por meio de colunas
agrupadas.
Números
e operações
Classificar números de diferentes magnitudes
em pares e ímpares, primos e compostos e compreender relações entre números
(expressas pelos termos “é múltiplo de”; “é divisor de”; “é fator de”) e
critérios de divisibilidade por 2, 3, 4, 5, 6, 8, 9 e 10.
Identificar e registrar números racionais
positivos em suas diferentes representações, identificando equivalências e
passando de uma representação para outra.
Comparar e ordenar números naturais e
racionais positivos (representação fracionária e decimal), relacionando-os a
pontos na reta numérica.
Resolver e elaborar problemas envolvendo as
ideias de múltiplos, divisores, mínimo múltiplo comum, máximo divisor comum.
Resolver e elaborar problemas, envolvendo as
quatro operações fundamentais, com seus diferentes significados, com números
naturais, inclusive com o uso de cálculo mental, de estimativas e da
calculadora.
Compreender as ideias de potenciação e de raiz
quadrada e suas representações.
Estimar quantidades e arredondar números para
a potência de 10 mais próxima.
Resolver e elaborar problemas com números
racionais positivos em suas diferentes representações (fracionárias, decimais,
percentuais), envolvendo as operações de adição e subtração, de multiplicação e
divisão com multiplicador e divisor naturais, inclusive com o uso de cálculo
mental, de estimativas e da calculadora.
Álgebra
e funções
Descrever o que ocorre com uma igualdade, ao
se adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus membros por um mesmo
número.
Resolver e elaborar problemas, envolvendo
equações do 1º grau do tipo ax+ b = c, no conjunto dos números naturais, por
meio de tentativa ou pelo princípio da igualdade.
Resolver problemas que envolvam variação de
proporcionalidade direta entre duas grandezas, incluindo escalas em plantas e
mapas.
Resolver problemas, envolvendo a partilha de
uma quantidade em partes desiguais (exemplo: João, Silvia e Ana têm juntos 36
figurinhas. Se João tem o dobro de figurinhas de Silvia e Ana tem o triplo de
figurinhas de Silvia, quantas figurinhas tem cada um?).
5.5.3 ÁREA DE
CIÊNCIAS DA NATUREZA (160 h/aula anuais)
A sociedade contemporânea está
fortemente organizada com base no desenvolvimento científico e tecnológico.
Desde a busca do controle dos processos do mundo natural até a obtenção de seus
recursos, as ciências influenciaram a organização dos modos de vida. Ao longo
da história, interpretações e técnicas foram sendo aprimoradas e organizadas
como conhecimento científico e tecnológico, da metalurgia, que produziu
ferramentas e armas, passando por motores e máquinas automatizadas até os
atuais chips semicondutores das tecnologias de comunicação, de informação e de
gerenciamento de processos. No entanto, o mesmo desenvolvimento científico e
tecnológico de notáveis progressos na produção e nos serviços também pode
promover impactos e desequilíbrios na natureza e na sociedade, que demandam
outras sabedorias, não somente científicas, para serem compreendidos e
tratados.
Discutir alimentos,
medicamentos ou combustíveis, ou debater transportes, saneamento, informação ou
armamentos envolve conceitos e questões das Ciências da Natureza, tanto quanto
cogitar sobre a manutenção da vida na Terra ou sua existência fora dela, sobre
a evolução das espécies ou do universo. Isso por si só justifica, na formação escolar,
a presença dessas ciências, que têm em comum a observação sistemática do mundo
material, com seus objetos, substâncias, espécies, sistemas, fenômenos e
processos, estabelecendo relações causais, fazendo e formulando hipóteses,
propondo modelos e teorias e tendo o questionamento como base da investigação e
a experimentação como critério de verificação.
A área de conhecimento Ciências
da Natureza, no Ensino Fundamental, é representada por um único componente de
mesmo nome, enquanto que, no Ensino Médio, o ensino é distribuído entre os
componentes curriculares Biologia, Física e Química.
O ensino de Ciências da
Natureza tem compromisso com uma formação que prepare o sujeito para interagir
e atuar em ambientes diversos, considerando uma dimensão planetária, uma
formação que possa promover a compreensão sobre o conhecimento científico
pertinente em diferentes tempos, espaços e sentidos; a alfabetização e o
letramento científicos; a compreensão de como a ciência se constituiu
historicamente e a quem ela se destina; a compreensão de questões culturais,
sociais, éticas e ambientais, associadas ao uso dos recursos naturais e à
utilização do conhecimento científico e das tecnologias.
Uma formação com essa dimensão
visa capacitar as crianças, os jovens e os adultos para reconhecer e
interpretar fenômenos, problemas e situações práticas, como, por exemplo,
questões associadas à geração e ao tratamento de lixo urbano e à qualidade do
ar de nossas cidades, ao uso de agrotóxicos em nossas lavouras, a partir de
diferentes visões de mundo, contextos e intencionalidades, para que esses
sujeitos possam construir posições e tomar decisões argumentadas, perante os
desafios do seu tempo.
O ensino das Ciências da
Natureza, nos anos iniciais de escolaridade, contribui com a alfabetização, ao
mesmo tempo em que proporciona a elaboração de novos conhecimentos. É
importante que as crianças tragam para a escola suas vivências e seus saberes,
que devem ser tratados de acordo com o que cabe a essa etapa.
Nos anos finais do Ensino Fundamental,
ampliam-se os interesses pela vida social, há uma maior autonomia intelectual.
Isso permite o tratamento de sistemas mais amplos que dizem respeito às
relações dos sujeitos com a natureza, com as tecnologias e com o ambiente, no
sentido da construção de uma visão própria de mundo.
No Ensino Médio, com a maior
maturidade de jovens e adultos, os conceitos de cada componente curricular –
Biologia, Física e Química – podem ser aprofundados em suas especificidades
temáticas e em seus modelos abstratos, ampliando a leitura do mundo físico e
social, o enfrentamento de situações relacionadas às Ciências da Natureza, o
desenvolvimento do pensamento crítico e tomadas de decisões mais conscientes e
consistentes.
Para essa formação ampla, os
componentes curriculares da área de conhecimento Ciências da Natureza devem
possibilitar a construção de uma base de conhecimentos contextualizada,
envolvendo a discussão de temas como energia, saúde, ambiente, tecnologia,
educação para o consumo, sustentabilidade, entre outros. Isso exige, no ensino,
uma integração entre conhecimentos abordados nos vários componentes
curriculares, superando o tratamento fragmentado, ao articular saberes dos
componentes da área, bem como da área Ciências da Natureza com outras. Por
exemplo, ao tratar o tema energia no Ensino Médio, os/as estudantes, além de
compreenderem sua transformação e conservação, do ponto de vista da Física, da
Química, da Biologia, podem também percebê-lo na Geografia, sabendo avaliar o
peso das diferentes fontes de energia em uma matriz energética, considerando
fatores como a produção, os recursos naturais mobilizados, as tecnologias
envolvidas e os impactos ambientais. Ainda, pode-se perceber a apropriação
humana dos ciclos energéticos naturais como elemento essencial para se
compreenderem as transformações econômicas ao longo da história.
Sob a perspectiva dos métodos
empregados para a aprendizagem, o ensino das Ciências da Natureza será
realizado a partir de diferentes estratégias e com o uso de múltiplos
instrumentos didáticos, buscando sempre promover o encantamento, o desafio e a
motivação de crianças, jovens e adultos para o questionamento. Para tal, deve
mobilizar elementos lúdicos, por exemplo, como forma de promover a interação
dos/as estudantes com o mundo, desde a Educação Infantil até o final do Ensino
Médio, com múltiplas alternativas de ação, como recursos tecnológicos de
informação e comunicação, jogos, brinquedos, modelos e exemplificações. Também
a investigação prática e conceitual deve ser exercitada, com desmontes
analíticos, uso de manuais de referência e sites de busca, respeitando o
estágio de maturidade de cada etapa ou ano. Dessa forma, uma questão que pode
ser formulada e trabalhada de modo elementar e imediato em uma aula do início
do Fundamental, por exemplo, envolvendo a conservação ou a deterioração de
alimentos, pode dar lugar a uma investigação mais demorada e profunda,
individual ou coletiva, em etapas mais avançadas da Educação Básica.
Garantidos esses pressupostos,
o ensino de Ciências da Natureza deve cumprir o compromisso de colaborar na
formação intelectual e emocional de crianças, jovens e adultos para a atuação
consciente no mundo, seja na esfera social, pessoal ou do trabalho, seja para a
continuidade dos estudos, capacitando-os para compreender as questões
científicas, tecnológicas, ambientais e sociais que continuamente se
apresentam. Essa formação é possível em uma escola onde são acolhidos
diferentes saberes, manifestações culturais e visões de mundo. Essa instituição
deve se constituir como um espaço de heterogeneidade e pluralidade, que
valoriza a diversidade e se pauta em princípios de solidariedade e emancipação.
Com isso, cabe-lhe promover o envolvimento dos sujeitos da comunidade escolar e
extraescolar em projetos educacionais, voltados para a compreensão e a
participação em questões globais e do entorno social, e em produções
representativas das culturas que se expressam na coletividade.
Considerando as diferentes
dimensões formativas mencionadas, é proposta uma organização dos conhecimentos
das Ciências da Natureza em eixos que possam estruturar o currículo e
possibilitar a articulação entre componentes curriculares. É importante
ressaltar que os eixos guardam relações próximas, uma vez que representam um
todo que se divide para imprimir ênfase em uma ou outra dimensão. São quatro os
eixos estruturantes do currículo nas Ciências da Natureza:
Conhecimento conceitual das
Ciências da Natureza – neste eixo são enfatizados os conteúdos conceituais
específicos de cada componente curricular – o saber sistematizado, leis,
teorias e modelos. Os conteúdos conceituais poderão ser propostos no currículo
a partir de estudos sobre fenômenos, processos e situações que suscitam o
domínio de conhecimentos científicos para a sua compreensão.
Contextualização histórica,
social e cultural das Ciências da Natureza – neste eixo são tratadas as
relações entre conteúdos conceituais das Ciências da Natureza e o
desenvolvimento histórico da ciência e da tecnologia; o papel dos conhecimentos
científicos e tecnológicos na organização social e formação cultural dos
sujeitos e as relações entre ciência, tecnologia e sociedade. Dessa forma, o
currículo deve apontar para estudos de temas de relevância social, a partir dos
quais articulações entre diferentes áreas poderão ser feitas.
Processos e práticas de
investigação em Ciências da Natureza – neste eixo é enfatizada a dimensão do
saber fazer, proporcionando-se aos/às estudantes uma aproximação com os modos
de produção do conhecimento científico. O saber fazer, compreendido não somente
como uma metodologia, busca a apropriação da metodologia como um objeto de
estudo. Nesse sentido, o currículo propõe estudos sobre processos de construção
de modelos científicos, práticas de investigação científica (questões e procedimentos
de pesquisa adequadas ao contexto escolar), uso e produção de tecnologias,
considerando as especificidades do contexto escolar.
Linguagens das Ciências da
Natureza – neste eixo é ressaltada a importância do domínio das linguagens
específicas das Ciências da Natureza e das múltiplas linguagens envolvidas na
comunicação e na divulgação do conhecimento científico.
As dimensões formativas
representadas por esses eixos orientam a proposição de um currículo que
aproxima o conhecimento do mundo das crianças, dos jovens e dos adultos,
orientando sua atuação em diferentes práticas sociais: em práticas da vida
cotidiana, culturais, do trabalho, da comunicação e da cidadania. Para isso, a
escolha de unidades de conhecimento deve ser feita com atenção aos seguintes
pontos: incluir conteúdos conceituais que são fundamentos do conhecimento da
área e que se articulem com saberes da prática; incluir processos cognitivos
relativos à investigação e à resolução de problemas que possam auxiliar o
exercício da cidadania e a tomada de decisão socialmente responsável, e
possibilitar o tratamento progressivo e recursivo de conceitos ao longo do
currículo. Dessa maneira, o ensino das Ciências da Natureza pode ser desafiador
para crianças, jovens e adultos, levando-os a refletirem sobre as culturas das
quais participam, em uma sociedade em que a ciência é instrumento para a
interpretação de fenômenos e problemas sociais. Contribui, também, para buscar
formas de intervenção pessoais e coletivas, para promover consciência e assumir
responsabilidade, com a alegria de quem não precisa memorizar respostas, mas
pode, a todo o tempo, fazer perguntas, apresentar e enfrentar dúvidas.
OBJETIVOS
GERAIS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
·
Compreender
a ciência como um empreendimento humano, construído histórica e socialmente.
·
Apropriar-se
de conhecimentos das Ciências da Natureza como instrumento de leitura do mundo.
·
Interpretar
e discutir relações entre a ciência, a tecnologia, o ambiente e a sociedade.
·
Mobilizar
conhecimentos para emitir julgamentos e tomar posições a respeito de situações
e problemas de interesse pessoal e social relativos às interações da ciência na
sociedade.
·
Saber
buscar e fazer uso de informações e de procedimentos de investigação com vistas
a propor soluções para problemas que envolvem conhecimentos científicos.
·
Desenvolver
senso crítico e autonomia intelectual no enfrentamento de problemas e na busca
de soluções, visando transformações sociais e construção da cidadania.
·
Fazer
uso de modos de comunicação e de interação para aplicação e divulgação de
conhecimentos científicos e tecnológicos.
·
Refletir
criticamente sobre valores humanos, éticos e morais relacionados com a
aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos.
CIÊNCIAS DA NATUREZA NO ENSINO
FUNDAMENTAL
Acompanhando o processo de
urbanização e industrialização, nas primeiras décadas do século 20, a Educação
Básica passou a incorporar componentes científicos. No Ensino Fundamental, a
formação nessa área se resumia à abordagem de temas como a vida e a saúde, o
que persiste até hoje, a despeito das orientações de diretrizes curriculares
que têm procurado diversificar a formação na área.
Mesmo antes de iniciar a vida
escolar, as crianças são motivadas – pela exposição aos meios de comunicação e
outros equipamentos tecnológicos – a questionamentos sobre processos naturais
ou problemas ambientais e se deparam com uma variedade de situações que
envolvem conceitos científicos. Na escola, deve-se garantir a continuidade
dessa vivência, a partir de uma educação científica que as prepare, por
exemplo, para cuidarem da sua saúde, alimentando-se de forma saudável,
prevenindo-se de viroses, evitando problemas como a obesidade; para se
prevenirem de perigos, como os acidentes elétricos; para refletirem sobre
questões que envolvem responsabilidade coletiva, como o desperdício energético
e o descarte irresponsável do lixo. Se cada um desses propósitos for objeto de
ações efetivas, haverá condições para dominar linguagens, saberes práticos e,
ao mesmo tempo, tanto para lidar com tecnologias de informação em contínua
evolução, quanto para se posicionar diante de questões gerais do seu ambiente
natural e da vida social.
A questão que se coloca para
educadores/as é de que forma e a partir de que momento se deve promover a
iniciação para o emprego de conceitos e práticas científicas e como relacionar
tal formação com o que se vive fora da escola, de maneira que o conhecimento
desenvolvido repercuta significativamente nos contextos de vida dos/as
estudantes. Acrescente-se a isso a necessidade de se desenvolverem habilidades
e comportamentos necessários para a vida social e para o trabalho, em uma
sociedade em que equipamentos e sistemas já presidem a informação e a
comunicação, assim como assumem o trabalho braçal e repetitivo, de forma que
contribuições efetivas serão dadas por aqueles que estiverem em condições de
produzir novos conhecimentos e novas práticas.
De fato, desde a Educação
Infantil, e especialmente nos primeiros anos do Ensino Fundamental, tal formação
pode ser iniciada, sobretudo considerando-se que as crianças já convivem com
técnicas de base científica, como controles remotos, fones celulares,
brinquedos, jogos eletrônicos, além dos computadores. Elas têm acesso à
Internet, desenvolvem habilidades e são estimuladas à busca de informações e a
novas formas de interação com base em novos recursos.
Nesses anos iniciais, as
Ciências da Natureza integram os processos de alfabetização e letramento. Temas
como o próprio corpo, os órgãos do sentido e suas funções, os animais e as
plantas de seu ambiente imediato, processos naturais, como chuvas e ventos, ou
tecnológicos, como meios de transporte e de informação, devem estar presentes
nas práticas de oralidade, de leitura e de produção de textos.
As crianças já tratam tais
temas com seus desenhos antes de estarem alfabetizadas. Iniciado o letramento
escolar, textos lúdicos sobre bichos e ambientes já podem ter teor científico e
produções escritas, descrevendo hábitos pessoais de alimentação e higiene, ou brincadeiras,
podem ser estimuladas criando condições para o desenvolvimento da linguagem
escrita. Assim, já nesses anos iniciais, as Ciências da Natureza desenvolvem
ferramentas culturais para que as crianças possam compreender desde fenômenos
de seu ambiente natural, seja urbano, suburbano, rural, ribeirinho, praiano ou
outros, até a operação de tecnologias que fazem parte de seu cotidiano, como
equipamentos domésticos, meios de comunicação e de transporte.
Na etapa do Ensino Fundamental
que já conta com o componente curricular Ciências, podem ser mais complexos os
questionamentos que os/as estudantes formulam ou que lhes são formulados, e
mais abrangentes as situações tratadas ou os desafios apresentados a eles.
Essas podem envolver, por exemplo, a investigação de propriedades e utilizações
de materiais, a compreensão de ciclos naturais e ecossistemas próximos ou
distantes, a associação dos climas com a latitude e a posição da Terra
relativamente ao Sol. À medida que se aproxima a conclusão do Ensino Fundamental,
os/as estudantes já terão condições amplas para estabelecer relações entre a
ciência, a tecnologia e a sociedade, para a apreciação de como os ciclos
naturais são utilizados para a obtenção e a distribuição de água potável, para
a produção de recursos materiais e energéticos, assim como para a compreensão
mais efetiva de como se dão os impactos ambientais desses processos.
OBJETIVOS
GERAIS DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA NO ENSINO FUNDAMENTAL
·
Realizar
uma leitura de mundo apoiada em conhecimentos das Ciências da Natureza.
·
Desenvolver
o interesse, o gosto e a curiosidade pelo conhecimento científico.
·
Compreender
questões relacionadas a si próprio/a e às suas relações com a sociedade e o
ambiente a partir de conhecimentos relacionados às Ciências da Natureza.
·
Desenvolver
a autonomia intelectual dos/as estudantes buscando respostas para problemas e
situações que fazem parte de suas vivências e do cotidiano, contribuindo para o
processo de alfabetização e letramento.
·
Apropriar-se
de conhecimentos das Ciências da Natureza como instrumento de leitura do mundo,
compreendendo as ciências como um empreendimento humano.
·
Identificar
e compreender aplicações e implicações da ciência e da tecnologia na sociedade
e no ambiente.
·
Buscar
e fazer uso de informações, de procedimentos de investigação com vistas a
propor soluções para problemas que envolvem conhecimentos científicos.
·
Utilizar-se
de conhecimentos das Ciências da Natureza para emitir julgamentos e tomar
posições a respeito de situações e problemas de interesse pessoal e social
relativos às interações da ciência na sociedade.
·
Desenvolver
senso crítico e autonomia intelectual no enfrentamento de problemas que
envolvam conhecimentos das Ciências da Natureza e na busca de soluções visando
a transformações sociais e à construção da cidadania.
COMPONENTE
CURRICULAR DE CIÊNCIAS
Antes de iniciar sua vida escolar, a criança
convive com fenômenos e transformações da natureza e com aparatos tecnológicos
que fazem parte de seu dia a dia. Crianças e jovens participam, de formas
diversas, de um mundo no qual se deparam com situações que desafiam sua
compreensão e que, muitas vezes, demandam tomadas de decisão sobre como atuar
nesse mundo. Estudos sobre as Ciências da Natureza podem contribuir para que
eles compreendam problemas e situações que envolvem questões das ciências e da
tecnologia e busquem soluções, estabelecendo relações entre os conhecimentos
científicos e a sociedade, reconhecendo fatores que podem influenciar as
transformações de uma dada realidade. Como, então, contribuir para que esses
sujeitos façam escolhas a partir de reflexões mais abrangentes e aprofundadas,
subsidiadas por conceitos, teorias e práticas científicas? Como ampliar as
visões de mundo construídas em espaços sociais fora da escola?
É fundamental que crianças e jovens
compreendam conceitos científicos e tecnológicos e os fatores que influenciam
nas transformações de determinada realidade. Para isso, devemos considerar o
conhecimento do/a estudante sobre o mundo natural, seus saberes e vivências,
como ponto de partida para se estabelecerem relações entre diferentes visões
sobre o mundo e se construírem novos conhecimentos. No Ensino Fundamental, os
conhecimentos abordados no componente curricular Ciências estão relacionados a
diversos campos científicos – Ciências da Terra, Biologia, Física e Química.
Nessa etapa da escolaridade, a apresentação de conceitos, princípios ou teorias
sistematizadas de cada um desses campos visa possibilitar às crianças a
construção de suas primeiras explicações sobre o mundo físico e social,
norteadas por conhecimentos das Ciências da Natureza. Tais explicações são
continuadamente aprofundadas, considerando uma abordagem compatível com a
alteração da faixa etária ao longo de 9 anos de formação.
A disciplina escolar Ciências surgiu no Brasil
nos anos 1930, seguindo uma tendência internacional que se inicia no século
XIX. Desde sua origem, decisões sobre o quê e como ensinar essa disciplina
envolvem tensões e diferentes perspectivas. A despeito de ter uma denominação própria,
não devemos perder de vista que as Ciências no Ensino Fundamental representam
uma articulação das ciências que a constituem e que terão seus estudos
progressivamente aprofundados no Ensino Médio.
Nos anos iniciais, as Ciências da Natureza
fornecem ferramentas culturais para que as crianças possam compreender desde
fenômenos de seu ambiente natural, que fazem parte do cotidiano, até temáticas
sociais que envolvem conhecimentos dessa área para, assim, fazer uma leitura do
mundo. Não é suficiente, portanto, que elas apenas sejam expostas aos
conhecimentos científicos historicamente produzidos, mas que tenham a
oportunidade de se inserirem em processos sistemáticos de interação e de
aprendizagem refletindo sobre eles, sobre suas aplicações e implicações na
sociedade e no ambiente. Ao longo do Ensino Fundamental, crianças e jovens vão
construindo juízos de valor cada vez mais abrangentes, a partir de vivências em
processos de investigação, de apropriação das linguagens, do estabelecimento de
relações entre a ciência, a tecnologia e a sociedade. Assim, o tratamento dos
conhecimentos desse componente curricular se dá de forma recursiva, em níveis
de aprofundamento e ampliação crescentes.
As Ciências, no Ensino Fundamental, envolvem
uma ampla gama de conhecimentos que concorrem para a formação integral dos/as
estudantes, articulando diversos campos do saber científico. A expectativa é de
que, ao estudar Ciências, crianças e jovens aprendam sobre si mesmos, sobre a
história biológica de sua espécie e a manutenção da vida; sobre o mundo
material em que vivem e os seus recursos naturais, suas transformações naturais
e a exploração que sociedades humanas vêm fazendo desses recursos; sobre os
impactos ambientais causados por essas ações; sobre a diversidade da vida no planeta
e sobre o próprio planeta, sua posição no sistema solar e no universo, os
movimentos e as forças que atuam na manutenção e transformação desses sistemas.
Nesse sentido, o ensino de Ciências deve estar inserido em um processo contínuo
de contextualização histórica, social e cultural, no qual os conhecimentos
ganham sentido para os/as estudantes, uma vez que contribuem efetivamente para
compreender, explicar e intervir no mundo em que vivem.
As Ciências da Natureza, desde os anos
iniciais, devem ser entendidas como uma construção humana. A contextualização
histórica, social e cultural dessas ciências se constitui como um dos quatro
eixos que buscam dar destaque a aspectos centrais da organização do currículo.
Inicialmente, essa contextualização é explorada de modo mais restrito, na
medida em que se buscam reconhecer múltiplas possibilidades de explicação e de
interpretação de fenômenos da natureza e seus desdobramentos, no sentido de
desafiar a noção de ciência como verdade absoluta, baseada exclusivamente em
“fatos comprovados”. As ideias e experiências pessoais dos/as estudantes têm
papel central, assim como a participação em investigações. Posteriormente, na
mesma direção, de forma gradual, abordam-se também os contextos históricos,
sociais e culturais de origem e de desenvolvimento de conhecimentos científicos
sobre fenômenos naturais. Paralelamente, recebem especial atenção as relações
entre ciência, tecnologia e sociedade, por possibilitarem a compreensão de como
a ciência é parte da nossa cultura. Assim, as crianças e jovens têm a
oportunidade de se engajarem na investigação de questões que estão diretamente
relacionadas ao seu contexto social e cultural. Além disso, estabelecem
contrastes e fazem considerações sobre os conhecimentos e as relações ciência –
tecnologia – sociedade, considerando a diversidade de culturas presentes em
nossa sociedade.
A apropriação do conhecimento conceitual das
Ciências da Natureza – outro dos quatro eixos –, no Ensino Fundamental,
envolve, nos anos iniciais, um trabalho em torno de noções relacionadas a
conceitos científicos das áreas da Biologia, da Física, da Química e da
Geociências. Nesse sentido, o ensino nos anos iniciais envolve um trabalho de
natureza conceitual, porém, sem a formalização desses conceitos, que será
iniciada nos anos finais do Ensino Fundamental e aprofundada nos componentes
curriculares que compõem a área de Ciências da Natureza no Ensino Médio. Por
exemplo, os/as estudantes, a partir de comparações entre a dentição de
diferentes animais, identificam diferenças e fazem associações entre elas e o
tipo de alimentos que as espécies utilizam. Assim, eles podem construir
relações entre a forma e as características de órgãos com os comportamentos
desses seres vivos e com as características do meio em que vivem. A compreensão
dessas relações será essencial para a significação do conceito biológico de
adaptação, que é apresentado formalmente nos anos finais do Ensino Fundamental
e ao longo do Ensino Médio. Os conhecimentos conceituais das Ciências da Natureza,
no componente curricular Ciências, foram propostos, considerando conceitos,
teorias e perspectivas centrais nos campos da Biologia, da Física, da Química e
da Geociências.
Além disso, o componente curricular Ciências
deve oportunizar aos/às estudantes o engajamento em processos e práticas de
investigação – outro dos eixos – que reflitam a diversidade entre diferentes
campos. Assim, a apropriação de explicações, conceitos e teorias implica
levantar questões que sejam passíveis de investigação dentro daquele campo,
utilizar diferentes tipos de dados para construir explicações, contrapor
diferentes explicações e avaliar sua qualidade, construir e utilizar modelos,
comunicar suas explicações, discutindo-as.
Um quarto e último eixo procura destacar a
importância das linguagens das Ciências da Natureza, considerando que a
aquisição do conhecimento científico envolve o uso de múltiplas linguagens para
a interpretação e para a construção de dados, de gráficos e de tabelas, assim
como para o contato com textos de diferentes gêneros, como textos científicos e
informativos, relatórios, seja em práticas de leitura ou de produção desses
textos, seja em práticas de oralidade, ou em atividades que envolvam outras
formas de representação como os desenhos. Portanto, a apropriação dos
conhecimentos e a formação de atitudes e valores ocorrem a partir do
desenvolvimento integrado dos saberes das áreas das Ciências da Natureza,
articulados com outras áreas.
A organização criteriosa dos objetivos de
aprendizagem, nessa etapa de ensino, é fundamental para se desenvolver um
aprendizado significativo e progressivo na educação em ciências. Propõe-se aqui
uma organização, a partir de unidades de conhecimento (UC), que trazem os
conteúdos e vivências essenciais para os estudos das Ciências no Ensino
Fundamental. Essas unidades de conhecimentos estão descritas a seguir.
UC1
- Materiais, substâncias e processos
Esta unidade contempla o estudo dos materiais,
das substâncias e dos processos e a sua relação com a vida cotidiana da sociedade,
explorando o seu uso e a sua utilização pelo ser humano ao longo dos tempos.
Reconhece os processos que estão envolvidos na produção e obtenção de
materiais, o uso de recursos naturais, os tipos de energias e fontes
alternativas, buscando respostas para perguntas como: de que são feitas as
coisas? Como são formados e transformados os materiais? Qual o papel da energia
na transformação dos materiais? Quais materiais estão presentes nos diferentes
ambientes e qual sua relação com a vida? Para responder essas questões,
exige-se a compreensão e a aplicação de conhecimento científico relativo ao
reconhecimento dos materiais e suas aplicações.
UC2
- Ambiente, recursos e responsabilidades
Nesta unidade serão estudadas questões
relacionadas ao ambiente, a seus recursos e a responsabilidade de seu uso,
caracterizando os fenômenos e as interações de organismos com o ambiente, bem
como as implicações causadas pelo uso de produtos tecnológicos quanto às
alterações climáticas, de temperatura e de radiação que atingem a superfície
terrestre. Contempla, também, o entendimento das relações de diferentes
populações humanas em nosso planeta, em tempos e lugares distintos, quanto à
utilização de recursos naturais e impactos causados e a adoção de alternativas
sustentáveis que perpassem, desde a mudança de atitudes individuais e coletivas
até a aplicação do conhecimento científico para o desenvolvimento de
tecnologias sociais sustentáveis. Assim, busca possíveis respostas a questões
como: qual a relação existente entre o consumo humano e a disponibilidade de
recursos naturais? Qual a relação existente entre modelo de desenvolvimento
econômico, padrões de consumo humano e sustentabilidade? Qual o potencial de
aproveitamento dos ambientes, a começar pelo ambiente doméstico? Qual a relação
entre consumo e produção de resíduos? Como as atividades humanas inserem-se em
ciclos e processos naturais (químicos, físicos, biológicos e geológicos),
afetando-os?
a)
Conhecimento conceitual
Reconhecer diferentes
ecossistemas aquáticos e terrestres, identificando as espécies que são nativas
e suas características.
Exemplo: Descrição de biomas
terrestre como a caatinga e o cerrado, a mata atlântica; descrição de biomas
aquáticos como manguezais e restingas.
Relacionar os comportamentos e
as estruturas de adaptação das espécies com os ambientes em que vivem e se
desenvolvem.
Exemplo: Descrição de
estruturas de adaptação como os espinhos em limoeiros.
Reconhecer a importância da
água para os seres vivos e suas propriedades específicas.
Exemplo: Reconhecimento da ação
da água como regulador de temperatura, contribuindo para variação da
temperatura ambiente entre o dia e noite.
Compreender a composição do
solo e sua conservação.
Exemplo: Explicação de técnicas
de conservação dos solos, como plantação em curva de nível, rotação de cultura
e de pastagem, correção do solo, adubação verde.
b)
Contextualização histórica, social e cultural
Conhecer a escala geológica do
tempo, a história evolutiva das espécies e suas características ambientais.
Exemplo: Identificação na
escala geológica de tempo do surgimento de peixes e de animais mamíferos.
Identificar alterações
provocadas no campo, a partir da chegada de novas tecnologias e reconhecer a
diferença entre modos de produção.
Exemplo: Reconhecimento das
alterações no mundo do trabalho e nos processos de produção do campo,
descrevendo os modos de produção da agricultura familiar e o agronegócio
relacionando com fatores econômico, cultural e social.
c)
Processos e práticas de investigação
Caracterizar um ambiente
natural em que houve ação humana e identificar as características de um
ambiente sustentável e não sustentável.
Exemplo: Descrição de um
ambiente próximo (bairro, cidade, estado), onde se observou uma mudança
provocada por ação do homem, quais as causas e consequências da ação,
envolvendo fatores social, cultural e econômico, mostrando os aspectos que
caracterizam um ambiente sustentável, como o manejo de plantações.
d)
Linguagens
Representar fatos e ideias,
fazendo associações sobre as mudanças do meio ambiente relacionadas à ação do
homem e os aspectos social, cultural e econômico.
Exemplo: Tabulação de dados
coletados de pesquisa bibliográfica e de campo, registro e produção de
relatórios que exponham os resultados das situações problemas.
Exemplo: Representação, por
meio de gráficos ou painéis, de dados que caracterizam um ambiente sustentável
ou não sustentável.
UC3
- Bem-estar e saúde
Nesta unidade, exploram-se temas relativos ao
bem-estar humano e suas condições de saúde, levando em conta aspectos como a
higiene pessoal; o convívio saudável; os hábitos alimentares; as atividades
físicas e recreativas; os cuidados diversos relacionados a contágios; a atenção
com a alimentação saudável e equilibrada. Contempla, ainda, a identificação de
doenças que acometem a saúde, suas implicações e prevenção, de forma a
responder alguns questionamentos, quais sejam: qual a importância de consumir
alimentos saudáveis? Como manipular bem os alimentos? Como evitar contaminação
por vírus, bactérias, fungos e parasitos? Como o ambiente favorece ou não para
a saúde do ser humano? Que práticas devemos evitar para preservar o ambiente e
a saúde?
UC4
- Terra, constituição e movimento
Esta unidade busca a compreensão de
características do planeta Terra, sua localização no universo, suas origens e a
história da vida na Terra. Situa a Terra como um planeta singular com suas
esferas concêntricas do núcleo interior à atmosfera, bem como sua peculiar
distribuição entre oceanos e continentes como parte de uma litosfera
fragmentada em placas e em movimento. Trata do papel da atmosfera no equilíbrio
energético da Terra, considerando o intercâmbio de energia e matéria com o
resto do sistema solar. Além disso, aborda as relações que se estabelecem entre
corpos celestes, considerando fenômenos como forças que atuam entre corpos.
Assim, exploram-se algumas questões, tais como: quais movimentos ocorrem no/com
o planeta Terra e qual é sua relação com fenômenos como o dia e a noite, as
estações do ano e as marés? Como o ser humano tem compreendido e investigado a
Terra e o sistema solar ao longo da história da humanidade? Do que é composta a
atmosfera de nosso planeta e quais suas propriedades? Como características da
atmosfera, hidrosfera, biosfera e litosfera de nosso planeta mantêm-se e se
transformam ao longo da história da Terra? Como as atividades humanas e o uso e
a produção de bens tecnológicos afetam e dependem dessas características, a
exemplo das mudanças climáticas?
a)
Conhecimento conceitual
Compreender a Terra como corpo
cósmico, sua forma arredondada e atração gravitacional.
Exemplo: Apresentação, no globo
terrestre, do papel da atração gravitacional e da posição relativa de seres e
objetos na superfície terrestre.
Compreender os movimentos de
rotação e translação e suas consequências.
Exemplo: Demonstração dos
movimentos da Terra e suas consequências para o dia e noite, estações do ano e
à incidência de radiação solar sobre a superfície terrestre.
b)
Contextualização histórica, social e cultural
Compreender que diferentes
culturas formulam cosmovisões distintas.
Exemplo: Reconhecimento de
diferentes leituras do céu e a importância das constelações em diferentes
culturas.
c)
Processos e práticas de investigação
Investigar os movimentos
relativos entre Sol, Terra e Lua.
Exemplo: Demonstração, por
modelos ou simulações didáticas, da rotação e translação da Terra, destacando o
eixo inclinado da Terra, bem como das fases da Lua e dos eclipses (solar e
lunar).
Investigar as posições
relativas entre as constelações, Terra e Lua e suas aplicações pelo homem.
Exemplo: Reconhecimento que
algumas constelações (Cruzeiro do Sul, Escorpião e Órion) são utilizadas como
guia de navegação.
d)
Linguagens
Produzir esquemas que
demonstrem a translação da Terra e as estações do ano com destaque para o papel
do eixo inclinado da Terra.
Exemplo: Produção de desenhos
demonstrativos da importância da incidência paralela dos raios solares na Terra
com sua forma esférica e eixo inclinado.
UC5
- Vida: constituição e reprodução
Esta unidade contempla as diferentes formas de
vida, como são constituídas e reproduzidas. Na perspectiva proposta,
destacam-se a diversidade da vida, as funções vitais dos seres vivos, bem como
sua relação com os processos evolutivos. Aborda as estruturas, os órgãos e as
funções do corpo humano e as características dos principais grupos de plantas,
invertebrados e vertebrados, considerando os padrões de adaptação, evolução e
reprodução. Para isso, apresentam-se como questões: quais as principais formas
de vida presentes nos ambientes aquáticos, aéreos e terrestres e sua relação
com o ambiente em que vivem? Como o ambiente contribui para a adaptação e a
evolução dos seres? Qual a relação da luz com o desenvolvimento de plantas e
demais seres vivos? Que características dos seres vivos e o parentesco entre
eles podem estar relacionadas à história da vida na Terra?
a)
Conhecimento conceitual
Entender a célula como a
unidade da vida.
Exemplo: Conhecimento das
estruturas que realizam transformações de materiais para obtenção de alimentos
e energia, reconhecendo a diferença básica entre as estruturas celulares de um
animal e um vegetal.
Compreender o processo da
fotossíntese, através de representação simplificada e classificar os seres em
relação ao tipo de alimento (autótrofo ou heterótrofo).
Exemplo: Reconhecimento de que
as plantas produzem materiais para seu próprio desenvolvimento a partir da
radiação solar, de água e do gás carbônico. Identificação de seres vivos que
produzem seu alimento (plantas que realizam fotossíntese) e os que se alimentam
de outros seres (animais).
Reconhecer os principais
processos metabólicos e a relação alimento/respiração.
Exemplo: Caracterização dos
processos de respiração celular aeróbica e fazendo a relação com a energia
produzida na fotossíntese e consumida na respiração, mostrando que o processo
de inspiração e expiração depende de diferenças de pressão entre o ambiente e o
interior dos pulmões.
Conhecer as principais
características dos seres vivos, compreendendo sua reprodução e
desenvolvimento, suas diferentes formas de locomoção, sustentação, respiração,
circulação, excreção, digestão.
b)
Contextualização histórica, social e cultural
Compreender a importância da
microscopia para o estudo de microrganismo.
Exemplo: Entendimento do uso da
microscopia e das vantagens no avanço científico, através de textos
científicos; caracterização do microscópio e visualização de protozoários no
microscópio.
c)
Processos e práticas de investigação
Identificar as estruturas
anatômicas dos seres vivos.
Exemplo: Observação de mapas
anatômicos, identificando suas principais diferenças e função no organismo.
d)
Linguagens
Representar e associar ideias e
fatos através de textos científicos sobre microscopia e sua importância.
Exemplo: Leitura e produção de
síntese de textos científicos relacionados à descoberta da célula e ao estudo
de microrganismo.
UC6
- Sentidos: percepção e interações
Esta unidade busca promover compreensões sobre
os sentidos, levando em conta a diversidade de formas de percepção do ambiente
pelos seres vivos e sua relação com os fenômenos de natureza sonora, luminosa,
térmica, elétrica, mecânica e bioquímica. Salienta, também, as interações e as
relações dos seres vivos com o ambiente em que vivem e a importância das
tecnologias que promovem a mediação da interação dos seres humanos com o
ambiente. Dessa forma, busca-se responder algumas questões: como ocorre a
produção, a transformação e a propagação de diferentes tipos de energia? Quais
são os efeitos desses diferentes tipos de energia e como estão relacionados aos
diferentes sentidos? Como as características da luz, do som, do calor estão
relacionadas com os sentidos e percepções observados em seres vivos como a
visão, o tato e a audição? Como funcionam artefatos e equipamentos que
possibilitam novas formas de interação com o ambiente e a compreensão de
fenômenos físicos, químicos e biológicos de natureza distintos?
5.5.4.
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
As Ciências Humanas compõem um
campo cognitivo dedicado aos estudos da existência humana e das intervenções
sobre a vida, problematizando as relações sociais e de poder, os conhecimentos
produzidos, as culturas e suas normas, as políticas e leis, as sociedades nos
movimentos de seus diversos grupos, os tempos históricos, os espaços e as
relações com a natureza. Essa área reúne estudos de ações, de relações e de
experiências coletivas e individuais que refletem conhecimentos sobre a própria
pessoa e sobre o mundo em diferentes manifestações naturais e sociais. Ainda que
sujeita a diferentes correntes e vertentes teóricas, o pressuposto fundamental
da área considera o ser humano como protagonista de sua existência.
A identificação e a
caracterização da área das Ciências Humanas ocorrem a partir da compreensão das
especificidades dos pensamentos filosóficos, históricos, geográficos,
sociológicos e antropológicos.
Na Educação Básica, as Ciências
Humanas possibilitam às pessoas a reflexão sobre sua própria experiência, sobre
a valorização dos direitos humanos, sobre a autonomia individual e sobre a
responsabilidade coletiva com o meio ambiente e com o cuidado do mundo a ser
herdado por futuras gerações. A área de Ciências Humanas, na educação escolar,
é constituída pelos seguintes componentes curriculares obrigatórios: História e
Geografia, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio, e Sociologia e
Filosofia, exclusivamenteno Ensino Médio. O Ensino Religioso, dada sua
proximidade de estudos com a área de Ciências Humanas, é a ela integrado na
Base Nacional Comum Curricular (BNC), realçando seu caráter histórico e
filosófico. A oferta do Ensino Religioso é obrigatória no Ensino Fundamental,
embora a sua matrícula seja facultativa.
O ensino das Ciências Humanas
acontece ao longo de toda a Educação Básica, desde a Educação Infantil, em
explorações afetivas, lúdicas e sociocognitivas que potencializam sentidos,
vivências e experiências como saberes sobre a pessoa, o mundo social e a
natureza.
Ao longo do Ensino Fundamental,
práticas de leitura, de diálogos e de diferentes tipos de registros, nos
componentes curriculares Geografia, História e Ensino Religioso, em ações
integradas com os demais componentes e áreas, contribuem com processos diversos
de letramento, de desenvolvimento das linguagens e de raciocínios matemáticos,
sistematizando percepções de espaços em diferentes tempos históricos e escalas
geográficas, ampliando o entendimento sobre pessoas, culturas e grupos sociais
em relações de produção, de poder e de transformação de si mesmas e do mundo.
A passagem dos anos iniciais
para os anos finais do Ensino Fundamental exige sensibilidades e compreensões,
devido às transformações infanto-juvenis, e uma maior atenção à articulação
entre os componentes curriculares.
No Ensino Médio, a área de
Ciências Humanas passa a contar com Filosofia e Sociologia como componentes
curriculares obrigatórios. Também nessa etapa da Educação Básica se faz
necessário assegurar a integração horizontal do ensino dos diferentes
componentes, inclusive com as outras áreas de conhecimento e com uma consistente
integração vertical. É importante que a passagem dos anos finais do Ensino
Fundamental para o Ensino Médio seja vivenciada pelo/a estudante como
continuidade do processo formativo, cujos sentidos e significados possibilitem
a continuidade dos estudos, a inserção no mundo do trabalho, o pleno exercício
da cidadania, a utilização adequada das tecnologias.
As Ciências Humanas, em diálogo
com outras áreas e seus respectivos componentes, potencializam a formação
integral no desenvolvimento do sentido de pertencimento em grupos sociais, nas
percepções de tempos, de temporalidades, de espaços e de espacialidades,
cultivando nos sujeitos da educação as corresponsabilidades quanto ao
acolhimento do outro eao mútuo reconhecimento. Favorecem, ainda, a capacidade
de ultrapassar limites da informação, concebendo o conhecimento como herança
cultural e como produção histórico-social, diante das demandas que compõem o
quadro de conflitos políticos, sociais, religiosos e culturais do mundo
contemporâneo, considerando a imprevisibilidade dos fenômenos e fatos. No
entrecruzamento dos conhecimentos, as ações educativas exploram sensibilidades,
espacialidades, temporalidades, diversidades, alteridades e racionalidades,
possibilitando práticas interdisciplinares e transversais, respeitando-se as
particularidades dos fazeres e dos saberes de cada componente curricular.
Assim, questões do contexto
local e global são transversalizadas no conhecimento escolar da área, sem
hierarquizações, mas como unidades de conhecimento, a saber: a terra e os
territórios; o espaço e sua territorialização pelas sociedades; as
territorialidades; as diversidades; o trabalho e a relação com a natureza; a
formulação do tempo histórico, do sentido de pertença e de intervenções de
sujeitos nas transformações das sociedades; as identidades e as alteridades; as
memórias; a ética; a estética; as desigualdades sociais; as ideologias; os
modos de produção e de apropriações; os modos de pensar, de crer e de agir das
pessoas.
Os objetivos gerais da Área de
Ciências Humanas na Educação Básica passam a ser compreendidos como dimensão
fundamental da realização dos princípios constantes das Diretrizes Curriculares
Nacionais, entre os quais se destacam a valorização da atividade
político-cidadã; a compreensão da importância do trabalho e de seu impacto
sobre a vida social; a valorização da pesquisa e da ciência; a facilitação do
diálogo com as especificidades das diferentes culturas, segundo critérios de
faixa etária, classe social e região; o respeito a diferenças, diversidade
étnica e liberdades individuais e a utilização racional das tecnologias e das
práticas culturais próprias ao mundo contemporâneo. Para isso, é necessária uma
clara demarcação da progressão contínua e articulada do conhecimento em cada
etapa, nível e modalidade da Educação Básica, relacionando sua herança
cognitiva e conceitual com a preocupação na formação integral reflexiva cidadã.
OBJETIVOS
GERAIS DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA
·
Conhecer
princípios éticos, políticos, culturais, sociais e afetivos, sob a égide da
solidariedade, atentando para a diversidade, a exclusão, avaliando e assumindo
ações possíveis para o cuidado de si mesmo, da vida em sociedade, do meio
ambiente e das próximas gerações.
·
Analisar
processos e fenômenos naturais, sociais, filosóficos, sociológicos, históricos,
religiosos e geográficos, problematizando-os em diferentes linguagens, adotando
condutas de investigação e de autoria em práticas escolares e sociais voltadas
para a promoção de conhecimentos, da sustentabilidade ambiental, da
interculturalidade e da vida.
·
Problematizar
o papel e a função de instituições sociais, culturais, políticas, econômicas e
religiosas, questionando os enfrentamentos entre grupos e sociedades, bem como
as práticas de atores sociais em relação ao exercício de cidadania, nos
desdobramentos de poder e na relação dinâmica entre natureza e sociedade, em
diferentes temporalidades e espacialidades.
·
Compreender
e aplicar pressupostos teórico-metodológicos que fundamentam saberes, conhecimentos
e experiências que integrem e reflitam o percurso da Educação Básica,
observando os preceitos legais referentes a políticas educacionais de inclusão,
considerando o trabalho e as diversidades como princípios formativos.
A
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
A área de Ciências Humanas, no
Ensino Fundamental, relaciona e articula vivências e experiências dos/as
estudantes às situações cotidianas em seus aspectos políticos, sociais,
culturais e econômicos, promovendo atitudes, procedimentos e elaborações
conceituais que potencializem o desenvolvimento de suas identidades e de suas
participações em diferentes grupos sociais, a partir do reconhecimento e da
valorização da diversidade humana e cultural.
Assim, as especificidades da
área tratam da compreensão do mundo como processo de construção contínua, por
meio de relações dinâmicas e heterogêneas entre os elementos humanos e
não-humanos. A Geografia e a História, desde os anos iniciais, são componentes
curriculares obrigatórios na área de Ciências Humanas, desenvolvendo seus
conhecimentos particulares. A Filosofia e a Sociologia, componentes
curriculares somente do Ensino Médio, fazem-se implicitamente presentes nos
processos gerais de socialização, de desenvolvimento moral e interrogativo que
atravessam toda essa etapa escolar, desde a Educação Infantil e por todo o
Ensino Fundamental. O Ensino Religioso, integrado a essa área na BNC, contribui
para o estudo da diversidade cultural religiosa na perspectiva dos direitos
humanos.
Com práticas contextualizadas,
interdisciplinares, transversalizadas e integradoras, a Geografia, a História e
o Ensino Religioso estabelecem diálogo com as áreas de Linguagens, da
Matemática e das Ciências da Natureza. Por meio do planejamento, da realização
e da avaliação dessas múltiplas práticas didático-pedagógicas, destacam-se como
típicas ações da área: trabalho de campo; entrevistas; observação; sequências
didáticas; pesquisas; projetos; oficinas pedagógicas; círculos de leituras;
rodas de conversas; painéis temáticos; exposições dialogadas, mediadas pelas
diversas linguagens – escrita, corporal, imagética, midiática, digitais,
sensoriais, plásticas, cartográfica – e com ajuda de diferentes dispositivos
didáticos; visitas guiadas a instituições de preservação e de pesquisa sobre
práticas artísticas e culturais (museus, arquivos, bibliotecas etc).
A área de Ciências Humanas
contribui para a valorização e a problematização de vivências e experiências
que os sujeitos da educação trazem para a escola, por meio de relações de
trocas, de escutas e de falas sensíveis, em ações de aprender e de ensinar, nos
diversos ambientes educativos, desenvolvendo análises, argumentações e
potencializando descobertas nesse processo dialógico. Uma das formas para essa
contribuição é o estímulo ao pensamento criativo e crítico por meio da
construção e do fortalecimento da capacidade de fazer perguntas e de avaliar
respostas. A iniciação e a ampliação paulatina das linguagens mais
formalizadas, próprias dos campos científicos e de outras formas de expressão,
devem convergir para a leitura crítica do mundo e para o fortalecimento de
valores sociais tais como solidariedade, protagonismo, cuidados de si e do
outro.
OBJETIVOS
GERAIS DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS NO ENSINO FUNDAMENTAL
·
(Re)conhecer
identidades e organizações na vida em sociedade em diferentes tempos e espaços,
percebendo e acolhendo semelhanças e diferenças.
·
Relacionar
vivências e experiências às situações cotidianas em seus aspectos políticos,
sociais, culturais e econômicos, valorizando características específicas e
cotidianas constitutivas de uma determinada cultura, em diferentes
temporalidades e espacialidades.
·
Identificar
e entender transformações e processos sociais, espaciais, religiosos, culturais
e históricos constituídos, a partir da relação do ser humano, em sociedade, com
a natureza, na produção, na manutenção e no cuidado com a vida.
·
Conhecer
e desenvolver procedimentos de estudo e de investigação, usando múltiplas
linguagens para expressar saberes, sentimentos, crenças e dúvidas na descoberta
de si mesmo e na relação com outras pessoas nas sociedades.
APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE
CURRICULAR HISTÓRIA (80/120 h/aula anuais)
O componente curricular
História tem por objetivo viabilizar a compreensão e a problematização dos
valores, dos saberes e dos fazeres de pessoas, em variadas espacialidades e
temporalidades, em dimensões individual e coletiva.
O estudo da História contribui
para os processos formativos de crianças, jovens e adultos inseridos na
Educação Básica, considerando suas vivências e os diversos significados do
viver em sociedade. Desse modo, favorece o exercício da cidadania, na medida em
que estimula e promove o respeito às singularidades e às pluralidades
étnico-raciais e culturais, à liberdade de pensamento e ação e às diferenças de
credo e ideologia, como requer, constitucionalmente, a construção da sociedade
democrática brasileira.
Uma questão central para o
componente curricular História são os usos das representações sobre o passado,
em sua interseção com a interpretação do presente e a construção de
expectativas para o futuro. As análises históricas possibilitam, assim,
identificar e problematizar as figurações construídas por e sobre sujeitos em
suas diferentes noções de tempo, de sensibilidade, de ritmos. A reflexão sobre
os usos do passado remete à memória e ao patrimônio e aos seus significados
para os indivíduos nas suas relações com grupos, povos e sociedades.
Dentre os usos do passado,
merecem atenção, na aprendizagem histórica, a dinâmica e a natureza da mídia,
que também produzem representações, orientando as interpretações e a ação sobre
o presente. O componente curricular História, portanto, tem papel relevante na
problematização das questões identitárias que são tematizadas pelas redes
sociais, pela TV, pelo cinema, pelo rádio e por toda a série de meios
potencializados ou inventados com o advento da revolução tecnológica do século
XX.
O aprendizado das virtudes
éticas, dos procedimentos de pesquisa e de representação do passado são
princípios básicos da aprendizagem histórica. O/a estudante, dessa forma, é
concebido/a como sujeito de vontades, de direitos e de sentimentos que devem
ser estimulados e ampliados dentro dos padrões da Ciência da História que está
comprometida com valores democráticos e com uma sociedade multi e
transcultural.
A pesquisa é um princípio
básico dos processos de construção de conhecimentos históricos, articulados aos
outros componentes das Ciências Humanas e das demais áreas de conhecimento.
Considera-se o/a estudante como agente da construção de conhecimentos,
valorizando-se, assim, suas experiências individuais e coletivas. Nesse
sentido, o exercício da crítica documental, nas suas diversas modalidades e
linguagens, se constitui como procedimento articulador dos processos de
construção de conhecimentos históricos.
A proposta para o componente
História compreende uma ordenação de objetivos de aprendizagens relacionados à
compreensão do lugar social do saber histórico na Educação Básica. De um lado,
a constatação de que o saber histórico, dada sua natureza e conformação –
vinculado à formulação do saber historiográfico, ainda que não a ele restrito –
é fundamental para o desenvolvimento dos conhecimentos relacionados à leitura
das dimensões sociais, políticas e culturais da existência social; de outro, a
oportunidade que este mesmo saber faculta de introduzir, desenvolver e
problematizar uma visão curiosa e inquieta em relação ao mundo, às conjunturas
sociais e às balizas econômicas, políticas, culturais e sociais.
Em função dessa postura, a
proposição curricular estabelece articulação entre os anos iniciais e os finais
do Ensino Fundamental e entre esses e o Ensino Médio. Assim, parte-se, nos anos
iniciais, dos saberes necessários à apropriação histórica do tempo e ao desenvolvimento
de conhecimentos para a compreensão contínua de processos históricos cada vez
mais complexos. Para tanto, enfatiza-se a História do Brasil como o alicerce a
partir do qual tais conhecimentos serão construídos ao longo da Educação
Básica. Tal ênfase, é importante ressaltar, não significa exclusividade na
abordagem da história brasileira nem tampouco a exclusão dos nexos e
articulações com as histórias africanas, americanas, asiáticas e europeias.
Aliás, tais nexos e articulações são apontados em vários objetivos de
aprendizagem tanto no Ensino Fundamental como no Ensino Médio.
A percepção da historicidade
presente em questões do cotidiano favorece a compreensão do passado de pessoas,
individual e coletivamente, em suas dimensões política, econômica, cultural e
social. Nesse sentido, aos anos iniciais cabe a construção das noções
fundamentais do saber histórico (por meio do estudo com fontes e documentos,
noções de tempo, sujeitos, permanências e mudanças) e o trato inicial com
processos históricos.
Aos anos finais do Ensino
Fundamental cabe o desenvolvimento de conhecimentos necessários ao
enfrentamento de processos históricos, enfatizando-se o estudo da História do
Brasil e de indivíduos e coletividades que demarcaram mudanças e permanências
nas conformações sociais, econômicas, culturais e políticas da trajetória
histórica brasileira, o que envolve, como sinalizado anteriormente, o
estabelecimento de nexos com processos ocorridos em outras partes do mundo,
marcadamente nas Áfricas, nas Américas e nos mundos europeus.
O Ensino Médio aprofunda essa
perspectiva, fomentando o desenvolvimento de habilidades para a conceituação,
para a análise e para a síntese de processos históricos, inter-relacionando a
História do Brasil com outros espaços: as Áfricas, as Américas e os mundos
europeus e asiáticos.
A opção pela ênfase na História
do Brasil sustenta-se em quatro fundamentos. Em primeiro lugar, por oferecer um
saber significativo para crianças, jovens e adultos, pois conhecer a trajetória
histórica brasileira é conhecer a própria trajetória. Em segundo lugar, o
reconhecimento de que o saber histórico deve fomentar a curiosidade científica
e a familiarização com outras formas de raciocínio, a partir do acesso a
processos e a problemas relacionados à constituição e à conformação do Brasil,
como país e como nação. Em terceiro lugar, o reconhecimento de que tal opção
faculta o acesso às fontes, aos documentos, aos monumentos e ao conhecimento
historiográfico. Por fim, a consideração de que a História do Brasil deve ser
compreendida a partir de perspectivas locais, regionais, nacional e global e
para a construção e para a manutenção de uma sociedade democrática.
Cada ano escolar apresenta um
enfoque predominante, mas não exclusivo, traduzido em títulos para facilitar a
identificação de tal foco:
ENSINO FUNDAMENTAL
1º ANO – Sujeitos e Grupos
Sociais.
2º ANO – Grupos Sociais e
Comunidades.
3º ANO – Comunidades e outros
lugares de vivências.
4º ANO – Lugares de vivências e
relações sociais.
5º ANO – Mundos brasileiros.
6º ANO – Representações,
sentidos e significados do tempo histórico.
7º ANO – Processos e Sujeitos.
8º ANO – Análise de processos
históricos.
9º ANO – Análise de processos
históricos.
ENSINO MÉDIO
1º ANO – Mundos ameríndios,
africanos e afro-brasileiros.
2º ANO – Mundos americanos.
3º ANO – Mundos europeus e
asiáticos.
É importante destacar que as
repetições que se observam em alguns títulos – como nos títulos dos quatro
primeiros anos e nos dois últimos do Ensino Fundamental – objetivam apontar
para a recursividade que caracteriza a progressão no processo de construção de
conhecimentos e de desenvolvimento do estudante.
Considerando a progressão
formativa ao longo da Educação Básica, quatro eixos estão presentes nos
objetivos de aprendizagem do primeiro ano do Ensino Fundamental ao terceiro ano
do Ensino Médio: procedimentos de pesquisa; representações do tempo;
categorias, noções e conceitos; dimensões político-cidadãs. Trata-se de uma
tipologia para explicitar a operação predominante, mas não a única, em cada
objetivo de aprendizagem.
Procedimentos de Pesquisa
Utilizar tecnologias para
acesso às fontes históricas (dados, registros, documentos e narrativas) em
pesquisas sobre acontecimentos passados.
Identificar fontes históricas,
tais como documentos pessoais, fotografias, narrativas orais, escritas e
iconográficas e materiais audiovisuais, reconhecendo-as como ferramentas para a
produção de evidências e posterior formulação de narrativas sobre o passado,
ampliando o vocabulário historiográfico e a compreensão sobre o passado do
local ou da região em que vive, do Brasil e do mundo.
Organizar e selecionar
informações coletadas em diferentes suportes, tais como listas, diários,
biografias, que expressem o protagonismo de diferentes sujeitos e possibilitem
a construção de narrativas históricas, utilizando-as para ampliar o vocabulário
historiográfico e a percepção sobre mudanças e permanências nas histórias
locais, da região em que vive, do Brasil e do mundo.
Comunicar criativamente, por
meio de múltiplas linguagens, resultados de estudos e pesquisas acerca dos
processos de colonização ocorridos nas Américas, com ênfase na colonização
portuguesa.
Representações do Tempo
Conhecer e reconhecer diversas
maneiras de contagem e de registro do tempo – calendários e outras formas
consagradas –, dos astecas, dos maias, dos egípcios, dos diferentes povos
indígenas brasileiros entre outros, discutindo usos e adequações.
Compreender as diferentes
medidas de tempo comumente utilizadas – década, século, milênio, era – e as
formas de realizar as medições em outras culturas.
Dimensionar a duração de
períodos históricos, tendo como referência materiais que possibilitem
concretizar as relações de grandeza entre anos, décadas, séculos, milênios e
eras.
Categorias, Noções e Conceitos
Reconhecer a existência de uma
história da humanidade que antecede o advento da escrita e as experiências de
sociedades ágrafas a partir de múltiplos registros.
Conhecer e problematizar as
diferentes versões sobre as prováveis rotas do ser humano para a América, tais
como via Estreito de Bering, via do Atlântico ou via do Pacífico.
Conhecer e problematizar as
diferentes formas de periodização dos processos históricos tais como o modelo
quadripartite francês (Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade
Contemporânea), identificando como o Brasil se insere nesta periodização.
Identificar e discutir
características, pessoas, instituições, ideias e acontecimentos relativos a
cada um desses períodos históricos: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e
Idade Contemporânea.
Identificar e problematizar as
diferentes formas de representação da divisão da história brasileira (Brasil
Pré-Colonial, Brasil Colônia, Brasil Reino, Brasil Império e Brasil República),
estudando trajetórias de sujeitos, instituições e ideias, além de
acontecimentos relativos às experiências política, econômica, social e cultural
brasileiras.
Conhecer e problematizar as
diferentes formas de organização política do Brasil, desde o período da
colonização portuguesa até a contemporaneidade (Colônia, Estados do Brasil e do
Grão-Pará e do Maranhão, Reino Unido a Portugal e Algarves, Império do Brasil e
República Federativa).
Dimensão Político-Cidadã
Reconhecer direitos civis,
políticos e sociais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988,
considerando o contexto histórico no qual ela foi elaborada e promulgada,
refletindo sobre diferenças e semelhanças em relação às demais constituições
brasileiras.
Identificar e problematizar
semelhanças e diferenças, avanços e recuos, na construção dos direitos civis,
internalizando-os como valores.
Reconhecer-se como cidadão
brasileiro e conhecer as diferentes definições de cidadania em outros tempos e
lugares.
APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE
CURRICULAR GEOGRAFIA (80/120 h/aula anuais)
Os saberes geográficos
historicamente constituídos foram sistematizados como produção científica a
partir do século XIX, muito depois de terem sido aplicados em investigações
sobre forma e tamanho da Terra, relações entre cheias de rios, estações do ano,
áreas cultiváveis; investigações e registros em grandes viagens e de eventos
gerados nas relações entre sociedades e entre estas e a natureza. Como ciência,
a Geografia se tornou um campo de saber interessado nas inter-relações
dinâmicas entre elementos humanos e não humanos, materiais e imateriais, em sua
distribuição pelo mundo, o que constitui o espaço geográfico, em construção
constante.
Analisar o espaço geográfico,
categoria central da ciência geográfica, proporciona a compreensão de como
diferentes grupos de pessoas relacionam-se entre si e com o meio, constituindo
espacialidades, ao mesmo tempo em que são constituídas por elas. Fazer a
Geografia acontecer como saber importante para os/as estudantes, na escola
contemporânea, implica torná-la presente no cotidiano de crianças, de jovens e
de adultos, provocando questionamentos, observações e análises como novas
aprendizagens, intervenções e proposições para situações de suas vidas.
O diversificado conjunto de
conhecimentos que atravessa a Geografia escolar permite articulá-los a outros
componentes curriculares. À Matemática, em raciocínios de extensão, de
proporção, de cálculos em escalas, de quantificações em taxas populacionais; de
medições em altitudes, alturas e profundidades, por exemplo. Às Ciências da
Natureza, na compreensão sobre processos climáticos, geomorfológicos,
geológicos, astronômicos e na análise ambiental, entre outras aprendizagens. Às
Linguagens, na exploração de registros verbais, imagéticos, corporais e outros,
articula a criação de geografias em obras culturais, tanto comunicativas como
expressivas inaugurantes de novas espacialidades e novas subjetividades. Nas
Ciências Humanas, se estreitam as relações entre questões conceituais da
Geografia e outros componentes curriculares a partir de problemáticas atuais
como violência, diversidades sociais, trânsito, sustentabilidade, tecnologia,
miséria, exclusão, trabalho, lazer, entre outras questões que necessitam de
aportes sociológicos, filosóficos, históricos e geográficos, para não se
tornarem ensaios fragmentados na leitura do contexto em que se inserem e que
acontecem.
Na escola, lugar onde o/a
estudante se reinventa em sua particularidade, experimenta, cria e produz
saberes na coletividade, destaca-se a construção de referenciais geográficos
que lhe permitem localizar-se e orientar-se no mundo, tendo como horizonte um
futuro, sempre em construção, do qual é protagonista. “Localizar-se” implica
saber ler e compreender o meio no qual se insere, em variadas escalas, e
“orientar-se” implica articular suas leituras e suas compreensões, como ser
ativo frente às possibilidades que constrói e das quais se apropria.
As perguntas curiosas dos/as
estudantes sobre o que sabem, o que não sabem e sobre o que querem saber
possibilitam a relação entre conhecimentos formalizados e sua vida cotidiana,
potencializando ações prazerosas de aprendizagem. Essas perguntas, no início da
escolarização, são especialmente importantes para a alfabetização e para o
letramento geográficos, que estabelecem a progressão escolar em processos
educativos específicos e interdisciplinares. No Ensino Fundamental, a percepção
de espacialidades vividas e da alteridade, como elemento formador de processos
espaciais, consubstancia-se como conhecimento básico da Geografia,
desdobrando-se em construções conceituais, constituídas em diferentes
linguagens e aplicações de saberes no decorrer dos anos escolares nessa etapa.
No Ensino Médio, a pesquisa geográfica é associada à concepção de sujeito ativo
no espaço geográfico, fortalecendo a continuidade de estudos, a preparação para
o trabalho e a formação como protagonista na vida.
Na construção dos objetivos de
aprendizagem da Geografia, consideraram-se, simultaneamente, os direitos de
aprendizagem que fundamentam a BNC, as dimensões formativas, apresentadas a
seguir, além de recortes espaciais de referência.
Na Educação Básica, quatro
dimensões formativas dos saberes geográficos são requeridas:
·
o
sujeito e o mundo: a localização dos sujeitos de aprendizagem, dos grupos
sociais aos quais pertence e dos seus lugares de vivência, no conjunto de
relações mais amplas (sociais, ambientais, políticas, econômicas), cria
referenciais de espacialidades, a partir do cotidiano. Trata-se de uma
abordagem relevante porque permite que cada sujeito se reconheça como parte do
lugar, ao mesmo tempo em que perceba o lugar como parte de si, compreendendo
que a espacialidade afeta a subjetividade e que sua identidade se constrói na
alteridade, também espacial. Permite, ainda, o entendimento de que seu lugar de
vivências é composto por elementos de outros lugares, seja nas práticas sociais
nele reterritorializadas (como, por exemplo, modos de fazer/viver de migrantes
e ancestrais), seja em objetos e ideias que nele circulam (pelo comércio e
pelas redes de comunicação), gerando critérios para reconhecer limitações e
possibilidades para o lugar.
·
o
lugar e o mundo: o entendimento de que cada lugar se constitui por trajetórias
múltiplas, como resultado provisório de processos dinâmicos em diferentes
escalas geográficas, implica considerar a distribuição dos elementos
geográficos, das dinâmicas gerais da natureza e de processos sociais,
econômicos, técnicos, políticos, históricos pelo mundo, com maior ou menor grau
de conexão entre si, para explicar configurações dos lugares. Essa compreensão
problematiza como determinados setores da sociedade contemporânea, com poder
sobre novas tecnologias, excluem, ampliam e intensificam a produção de
conhecimentos, controlando fluxos e monitorando informações em conexões entre
indivíduos, grupos, corporações e instituições.
·
as
linguagens e o mundo: a apropriação de conceitos da Geografia e o uso de
múltiplas linguagens para expressá-los aproxima fazeres escolares e modos de
ver, pensar, ler e escrever geografias. A apropriação, pelos/as estudantes, dos
conceitos de lugar, paisagem, região, território e escalas geográficas, para
pensar e explicar fatos, fenômenos e processos geográficos, requer a
compreensão desses conceitos como historicamente construídos e não como fatos
em si mesmos. A utilização de múltiplas linguagens favorece o diálogo com o
universo conceitual, na medida em que se conheçam princípios técnicos,
tecnológicos e estéticos das linguagens, aplicando-os na criação de obras para
desenvolver processos de investigação, de expressão e de comunicação de temas
geográficos. Dentre as linguagens mais utilizadas para compreender, fazer,
registrar e expressar geografias, estão a cartográfica, a de modelos, a
gráfica, a audiovisual, a pictórica e a fotográfica.
As responsabilidades e o mundo:
como dimensão importante do conhecimento geográfico na escola, explora-se o
protagonismo, a responsabilidade e a participação do/a estudante em processos
espaciais dinâmicos, a partir de ações éticas e políticas. A problematização e
a avaliação de questões populacionais, conflitos, tensões, por exemplo, implica
o reconhecimento da legitimidade e do direito aos diversos modos de vida dos
diferentes grupos sociais. Práticas de invenção e de cuidados com o mundo se
fortalecem em análises da exploração de tecnologias, de energia, do ambiente,
do trabalho humano, fundamentando a avaliação e a adoção de atitudes de consumo
responsável, de promoção de sustentabilidade e de solidariedade planetária.
No Ensino Fundamental, os/as
estudantes experimentam o espaço a partir de seus lugares de vivência, seja
direta ou virtualmente, avançando para recortes que permitam ampliar
complexidades. Esses recortes, que podem ser explorados a partir do contexto de
diferentes lugares, podem ser bairros ou conjuntos de bairros, comunidades
rurais, aldeias, quilombos.Podem ou não coincidir com unidades
político-administrativas, uma vez que é considerada a espacialidade dos grupos
que compõem o tecido social local e que reverberam no conteúdo escolar. Embora
se adote sempre um recorte espacial específico como referência para abordagem
de um determinado conhecimento, a relação com o espaço mundial e com o lugar
onde se vive é constante, estabelecendo conexões entre dimensões próximas e
distantes.
Do mesmo modo, pode-se avançar
para recortes mais complexos, desde que coerentes com as questões vividas
pelos/as estudantes em seu cotidiano e que não necessariamente coincidem com
uma unidade político-administrativa, podendo, inclusive, ser interestaduais e
internacionais, como, por exemplo, o Recôncavo da Bahia, a Baixada Fluminense,
o Médio Araguaia, a Amazônia, as Regiões Metropolitanas, o Sertão, o Vale do
Jequitinhonha, o Pantanal ou as Áreas de Fronteiras. Recortes nacionais ou
continentais, assim como o mundo, são escalas de abordagens, em articulação com
temáticas específicas e com os lugares de vivência.
No Ensino Médio, os estudos se
organizam a partir da ideia de movimento, sejam aqueles característicos dos
processos naturais (como circulação atmosférica, tectonismo, ciclo
hidrológico), sejam humanos, como trajetórias históricas, deslocamentos
humanos, mobilidade urbana, movimentos sociais ou outros, considerando os
desdobramentos a eles relacionados. Do mesmo modo, organizam-se a partir de
conexões, não-conexões, arranjos e redes de diferentes naturezas, que criam
territórios e territorialidades contemporâneas.
A construção pelos/as
estudantes de sentidos e de compreensão dos acontecimentos no mundo requer o
entendimento das ações particulares e coletivas, humanas e não humanas,
materiais e virtuais que as produzem. Nesse processo, a Geografia escolar
assume importante papel.
O Sujeito e o Mundo
Conhecer a diversidade
territorial brasileira a partir dos povos formadores (índios, negros e
europeus) e reconhecê-los nos seus grupos de vivências.
Caracterizar a diversidade
territorial brasileira, relacionando-a ao seu lugar de vivência.
Identificar processos naturais,
históricos, socioeconômicos, socioambientais e socioculturais que caracterizam
as paisagens, em seus ritmos de transformação.
O Lugar e o Mundo
Pesquisar processos, dinâmicas,
ritmos e ciclos da natureza, relacionando-os às unidades naturais (domínios
morfoclimáticos, biomas etc) e a paisagens do território brasileiro.
Compreender a ação das
tecnologias na intensificação de conexões entre lugares, por meio de fluxos de
informações, pessoas, mercadorias, ideias e valores.
Entender as relações entre
sociedade e natureza, a partir da análise das transformações das paisagens
naturais pelas atividades sociais, culturais, econômicas e políticas, no
processo de produção e apropriação do espaço geográfico.
Linguagens e o Mundo
Coletar informações de fontes
variadas sobre o Brasil, organizá-las, analisá-las e apresentá-las por meio de
múltiplas linguagens.
Ler e interpretar mapas e
outros recursos para analisar fenômenos, fatos e processos geográficos.
Compreender como avanços
científicos e tecnológicos promovem modificações nos modos de ver, de explicar
e de apresentar fenômenos, fatos e processos geográficos.
Responsabilidades e o Mundo
Compreender o saber geográfico
como construção histórica, elaborado e acumulado culturalmente pela humanidade.
Reconhecer elementos das
matrizes indígenas e africanas, sua importância na formação da sociedade
brasileira e seus direitos territoriais.
Identificar problemas
ambientais e seus impactos, apontando possibilidades de intervenção.
APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE
CURRICULAR ENSINO RELIGIOSO (40 h/aula anuais)
O Ensino Religioso assumiu
diferentes perspectivas teórico-práticas ao longo da história da educação
brasileira. Tanto nos debates institucionais para sua regulamentação legal,
quanto nas propostas de implementação, o Ensino Religioso acabou sendo um
elemento de disputa entre Estado e instituições religiosas, assim como entre
movimentos sociais e educacionais que militavam a favor ou contra a sua
manutenção na escola pública. Entre alianças e disputas, ao longo de
aproximadamente quatro séculos, o “ensino da religião” na escola esteve a
serviço dos sistemas políticos e religiosos socialmente hegemônicos, assumindo
perspectivas confessionais e/ou interconfessionais, geralmente de viés
proselitista.
O proselitismo religioso
caracteriza-se pela difusão de um conjunto de ideias, de práticas e de
doutrinas que se autorreferenciam como verdade exclusiva. Durante todo o
período colonial e imperial, a estreita relação entre Estado e Igreja legitimou
o proselitismo na instrução pública, assim como discursos e práticas de negação
da diversidade religiosa e de subalternização das crenças, saberes, identidades
e culturas que se distinguiam do padrão sociocultural estabelecido. Mesmo com a
Proclamação da República e com a consequente separação constitucional dos
poderes políticos e religiosos, o proselitismo ainda se configura no contexto e
cotidiano escolar.
As transformações
socioculturais ocorridas a partir da década de 1980 motivaram mudanças
paradigmáticas e normativas no campo educacional. Nesse contexto, tanto a
Constituição Federal de 1988, quanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN) nº 9.394/1996, redefiniram os fundamentos epistemológicos e
pedagógicos do Ensino Religioso, atendendo a reivindicações da sociedade civil,
de sistemas de ensino e de instituições de Educação Superior que almejavam o
reconhecimento de culturas, de tradições e de grupos religiosos e não
religiosos que integram a complexa e diversa sociedade brasileira. Legalmente
estabelecido como componente curricular de oferta obrigatória, e de matrícula
facultativa, pouco a pouco, em diferentes regiões do país, foram sendo elaborados
currículos, projetos de formação inicial e continuada para professores, bem
como subsídios didático-pedagógicos que fomentam a operacionalização do Ensino
Religioso como componente responsável por assegurar o conhecimento da
diversidade religiosa, garantindo que ela seja respeitada, vedadas quaisquer
formas de proselitismos.
Nessa perspectiva, a Resolução
CEB/CNE nº 2/1998 incluiu o Ensino Religioso como uma das áreas de conhecimento
da BNC. Essa determinação foi ratificada pelas Resoluções CNE/CEB n° 4/2010 e
nº 7/2010, que mantiveram o Ensino Religioso como uma das cinco áreas de
conhecimento do Ensino Fundamental de 09 (nove) anos.
No presente documento, o Ensino
Religioso, de caráter notadamente não confessional, é apresentado junto à área
das Ciências Humanas, o que, de maneira alguma, compromete sua identidade
pedagógica como componente curricular da Educação Básica. Essa integração se
deve à proximidade e às conexões existentes com as especificidades da História,
Geografia, Sociologia e Filosofia, de modo a estabelecer e a ampliar diálogos e
abordagens teórico-metodológicas que transcendam as fronteiras disciplinares.
Na Educação Básica, o Ensino
Religioso não confessional assume a responsabilidade de oportunizar o acesso
aos saberes e aos conhecimentos produzidos pelas diferentes culturas,
cosmovisões e tradições religiosas, sem proselitismo. O estudo dos
conhecimentos religiosos na escola laica, a partir de pressupostos científicos,
estéticos, éticos, culturais e linguísticos, visa à formação de cidadãos e
cidadãs capazes de compreender as diferentes vivências, percepções e
elaborações relacionadas ao religioso e ao não religioso, que integram e
estabelecem interfaces com o substrato cultural da humanidade.
Os conhecimentos religiosos
fundamentam, articulam e expressam maneiras próprias de como cada pessoa ou
grupo capta, interpreta, aprende e elucida os acontecimentos da vida. Embasam
crenças, comportamentos, atitudes, valores, símbolos, significados e
referenciais utilizados para realizar escolhas e dar sentido à vida.
O Ensino Religioso, cujo objeto
de estudo é o conhecimento religioso, assume o diálogo como um princípio
metodológico orientador dos processos de observação, de análise, de apropriação
e de ressignificação dos saberes, organizando-se, na Educação Básica, a partir
de eixos, a saber:
SER HUMANO, considerando as
corporeidades, as alteridades, as identidades, as imanência-transcendência, os
valores e os limites éticos, os direitos humanos, a dignidade;
CONHECIMENTOS RELIGIOSOS, considerando
os mitos, os ritos, os símbolos, as ideias de divindades, as crenças, os textos
sagrados orais e escritos, as filosofias de vida, as ideologias e as doutrinas
religiosas;
PRÁTICAS RELIGIOSAS E NÃO
RELIGIOSAS, considerando suas manifestações nos diferentes espaços, os
territórios sagrados e as territorialidades, as experiências religiosas e não
religiosas, as lideranças religiosas, o ethos, as espiritualidades, as
diversidades, a política, a ecologia.
Na perspectiva da diversidade
cultural, religiosa e dos direitos humanos, o Ensino Religioso não pode ser
concebido como ensino de uma religião ou das religiões na escola. Busca
desconstruir significados e experiências colonialistas, reconstruindo atitudes
de valoração e respeito às diversidades, ao mesmo tempo em que instiga a
problematização das relações de saberes e poderes de caráter religioso,
presentes na sociedade e respectivamente no cotidiano escolar.
O estudo dos conhecimentos
religiosos constitui um dos elementos da formação integral e objetivo de
aprendizagem dos/as estudantes, tendo em vista uma melhor compreensão da
sociedade e do mundo, no sentido de salvaguardar a liberdade de expressão
religiosa e não religiosa – tais como o materialismo, o ateísmo, o ceticismo e
o agnosticismo, entre outras – e de assegurar a promoção e a defesa da
dignidade humana.
A ética da alteridade é um dos
fundamentos epistemológicos e pedagógicos para o diálogo inter-religioso e
intercultural, princípio basilar para o reconhecimento da diversidade cultural
na perspectiva da totalidade da vida. Nesse sentido, discriminações e
preconceitos entre grupos humanos têm a oportunidade de serem desnaturalizados
e, na medida em que são abordados como elementos de aprendizagem, contribuem
para a superação de violências de cunho religioso, para o reconhecimento de
identidades culturais religiosas e não religiosas na construção e na
compreensão de entendimentos acerca do encontro e da convivência respeitosa com
o outro na coletividade, implicando corresponsabilidades para o bem-viver.
A diversidade cultural
religiosa presente nos espaços escolares exige atenção e esforços conjuntos no
sentido de erradicar práticas e relações de poder que buscam homogeneizar os
diferentes, anulando suas diferenças. Tais processos, muitas vezes, ocorrem no
próprio contexto escolar, por meio de invisibilizações, silenciamentos e
discriminações, relacionados às diferentes identidades e a valores de caráter
religioso e não religioso.
Ser Humano
Perceber que a religião
possibilita sentidos e significados para a existência das pessoas que a
praticam, enquanto outras se apoiam em distintas concepções científicas ou
filosóficas.
Reconhecer, na diversidade
cultural, um conjunto de valores e fundamentos éticos que contribuem para a
erradicação de discursos e práticas de violência de cunho religioso,
salvaguardando o direito à diferença na construção de culturas de paz.
Conhecimentos Religiosos
(Re)conhecer espaços e territórios sagrados de
diferentes tradições e movimentos religiosos, em suas práticas, símbolos,
expressões, princípios e valores.
Perceber os limites, as
possibilidades e os impactos sociais e religiosos na utilização das tecnologias
de informação e comunicação relacionadas às situações da vida cotidiana e ao
desafio das relações inter-religiosas e interculturais na contemporaneidade.
Compreender as diferentes
vivências, percepções e elaborações relacionadas ao religioso e ao não
religioso, que integram e estabelecem interfaces com o substrato cultural da
humanidade.
Práticas Religiosas e Não Religiosas
Conhecer práticas de
espiritualidade de diferentes tradições e movimentos religiosos, incluindo
crenças e devoções populares.
Identificar, nas práticas
religiosas valores humanos necessários ao bem-viver e à convivência coletiva,
presentes em distintas culturas, filosofias de vida, tradições e movimentos
religiosos, bem como seus limites éticos.
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